G-7 inicia cúpula no Canadá para evitar ruptura entre Trump e aliados

A última cúpula do G7, realizada em 2018 no Canadá, ficou marcada por uma imagem icônica: a chanceler alemã, Angela Merkel, inclinada sobre a mesa, confrontando Donald Trump, enquanto outros líderes observavam preocupados. Trump, na época, chamou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, de “desonesto” e deixou a reunião antes de sua conclusão. Agora, sete anos depois, o Canadá recebe novamente a cúpula das economias desenvolvidas, desta vez em Kananaskis, nas Montanhas Rochosas.
Durante três dias, líderes mundiais se reunirão para discutir questões urgentes, incluindo as tensões entre os EUA e seus aliados. Entre os temas em pauta estão as ameaças tarifárias de Trump, além de questões como a guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio, envolvendo Israel e Irã. Essa cúpula é a primeira de Trump desde seu retorno à Casa Branca e a expectativa é de que o novo primeiro-ministro canadense busque evitar desentendimentos notáveis.
Recentemente, o presidente francês Emmanuel Macron visitou Groenlândia, em um gesto simbólico de apoio à soberania do território, que Trump manifestou interesse em anexar. Macron criticou abertamente a intenção de Trump, ressaltando que tal ação não é condizente entre aliados. Durante sua visita, ele foi bem-recebido pela população local, que é na sua maioria inuit, e que se opõe à ideia de se tornarem parte dos Estados Unidos. Groenlândia é estratégica na defesa dos EUA, devido à sua localização geográfica.
Ao contrário dos encontros anteriores do G7, não haverá uma declaração final desse evento, para minimizar riscos de desacordos. Em vez disso, o primeiro-ministro Carney fará um resumo dos tópicos discutidos ao final da cúpula. Entre as prioridades estão a segurança nas cadeias de suprimentos e a interferência em processos eleitorais.
Os líderes também abordarão os recentes bombardeios no Oriente Médio e as tensões entre Israel e Irã, junto com a questão ucraniana e comércio internacional. As tarifas impostas por Trump não estão oficialmente na agenda, mas certamente estarão em foco nas conversas informais. Espera-se que o presidente dos EUA busque apoio para uma frente unida contra a China, mas especialistas apontam que isso pode ser um desafio, dado o clima de tensões comerciais.
Outro ponto importante a ser discutido será o encontro de Trump com o presidente ucraniano, Volodímir Zelenski. Este será o segundo encontro entre eles, após um tenso episódio no qual Trump fez críticas severas a Zelenski. Os líderes do G7 também devem discutir possíveis sanções mais severas contra a Rússia. No entanto, a postura mais favorável de Trump em relação a Moscou pode dificultar a obtenção de resultados concretos.
A cúpula em Kananaskis ocorrerá uma semana antes de uma reunião da OTAN, onde os mesmos líderes voltarão a se encontrar. Essa sequência de encontros será crucial para determinar se os EUA continuarão comprometidos com fórmulas de cooperação multilateral ou se o ceticismo de Trump em relação a esses formatos prevalecerá.