Fortaleza nuclear de Fordow: conheça a instalação do Irã

A usina nuclear de Fordow, localizada a cerca de 80 a 90 metros abaixo do solo, é uma das mais protegidas do Irã. Situada perto da cidade de Qom, no centro do país, ela foi construída dentro de uma montanha com o objetivo de resistir a ataques aéreos. A instalação foi revelada ao público em 2009, gerando preocupações e reações da comunidade internacional sobre as intenções nucleares do Irã.

Embora não haja informações precisas sobre o início da construção de Fordow, acredita-se que ela tenha começado entre 2002 e 2004. A instalação é considerada crucial para o programa nuclear iraniano, sendo projetada inicialmente para enriquecer urânio. Atualmente, abriga cerca de 3.000 centrífugas do modelo IR-1, mas o Irã também começou a utilizar modelos mais avançados como o IR-6. Em 2015, um acordo estabeleceu que a usina seria convertida em um centro de pesquisa científica, com atividades rigorosamente monitoradas pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA). Contudo, com o aumento das tensões, o Irã restringiu o acesso dos inspetores e ampliou as atividades de enriquecimento na planta.

Além de sua importância técnica, Fordow também é vista como um símbolo da capacidade do Irã em desenvolver tecnologia nuclear. Sua construção subterrânea e o uso de centrífugas avançadas a tornam um alvo muito difícil para qualquer ataque militar. Atualmente, apenas os Estados Unidos possuem a chamada “bunker buster”, uma bomba de 13.600 quilos projetada para destruir instalações subterrâneas fortemente protegidas. Essa bomba é considerada a única com potencial para atingir a usina de Fordow.

Apesar de Israel ter possibilidades limitadas de atacar diretamente Fordow devido à proteção da instalação e à falta de armamentos adequados, há discussões sobre a possibilidade de atacar usinas de geração de energia próximas que suportam a operação de Fordow. Um ataque a essas usinas poderia atrasar a capacidade do Irã de enriquecer urânio de maneira significativa. As Forças Armadas de Israel têm considerado diversas estratégias, incluindo a destruição da entrada da instalação.

A AIEA reportou, em março de 2023, a detecção de urânio enriquecido a 83,7% de pureza em Fordow, um nível bem próximo do necessário para a produção de armas nucleares, que é de 90%. O Irã, que é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, afirma que seu programa nuclear é destinado a fins pacíficos. Enquanto isso, os Estados Unidos estão movimentando suas forças aéreas e aviões-tanque na região do Oriente Médio, embora a administração atual ainda não tenha alterado a política que restringe o fornecimento de bombas de grande potência a Israel.

A construção de Fordow foi uma resposta direta a ataques anteriores, como o bombardeio de uma instalação nuclear iraquiana por Israel em 1981, que ocorreu em uma estrutura acima do solo. A decisão do Irã de enterrar sua usina nuclear reflete a necessidade de proteger seu programa nuclear de possíveis ataques militares no futuro.