Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030, enfrenta um julgamento criminal que pode impedi-lo de participar de eleições pelo resto da vida. Preocupado com o futuro político de sua família, ele decidiu apoiar candidaturas do Partido Liberal nas eleições do ano que vem. Em Santa Catarina, Bolsonaro planeja promover a candidatura ao Senado de um de seus filhos, Carlos, que é vereador no Rio de Janeiro há 24 anos. Além disso, ele pretende que outro filho, Jair Renan, também vereador há 30 meses em Balneário Camboriú, concorra a deputado federal.
Essas ações resultaram em divisões na base eleitoral de Bolsonaro em Santa Catarina, onde ele obteve 70% dos votos válidos na última eleição presidencial.
Aliados de Bolsonaro manifestaram descontentamento com a ideia de que Santa Catarina se tornasse um “curral eleitoral” para sua família. Nas eleições de 2026, o estado irá escolher dois senadores para substituir os atuais ocupantes, Esperidião Amin, do Progressistas, e Ivete da Silveira, do MDB. Amin busca reeleição apoiado pela coalizão de direita que, desde 2018, tem Bolsonaro como seu principal referencial. Parlamentares, como as deputadas Carolina Di Toni e Júlia Zanatta, também estão na disputa por uma das vagas do Senado pelo Partido Liberal.
A situação gerou protestos. Em Criciúma, um opositor de Zanatta fez um discurso na Câmara de Vereadores em que criticou Bolsonaro, afirmando que seus planos não beneficiam o estado ou o país, mas apenas sua família. O vereador, Amaral Bittencourt, sugeriu que Zanatta mudasse de partido, comentando sobre o que considera uma tentativa de Bolsonaro de dominar a política local.
Outros políticos se uniram a essa crítica. O deputado federal Jorge Goetten, do Republicanos, afirmou que Santa Catarina não precisa de liderança externa, destacando que o estado possui representantes capazes que conquistaram espaço na política com legitimidade.
Candidatos ao governo estadual, como João Rodrigues, atual prefeito de Chapecó, e Clesio Salvaro, ex-prefeito de Criciúma, expressaram desconfiança em relação às candidaturas dos filhos de Bolsonaro. Eles sugerem que essas candidaturas não são definitivas e podem não ter um impacto real nas eleições.
Com suas recentes ações, Bolsonaro acabou por dividir sua base eleitoral em Santa Catarina, uma região tradicionalmente conservadora.
