Dodgers em silêncio enquanto raids do ICE assustam torcedores

Durante a celebração da Noite do Orgulho, um oficial dos Los Angeles Dodgers recebeu um pergaminho comemorativo das mãos da supervisora do Condado de Los Angeles, Lindsey Horvath, antes de iniciar a série de três jogos contra os San Francisco Giants. Em seu discurso, Horvath expressou entusiasmo por celebrar o Orgulho com a equipe, mencionando a importância de reconhecer e acolher a comunidade LGBTQ+.

Entretanto, o contexto desse evento foi marcado por grande tensão na cidade. Nos últimos dias, Los Angeles tem enfrentado operações de imigração em larga escala, resultando em apreensões e preocupações entre a população. Apesar de manifestações contra essas ações ocorrerem no centro da cidade há mais de uma semana, os Dodgers não se pronunciaram sobre a situação, ao contrário de outros clubes da cidade, como o Angel City FC e o LAFC, que expressaram solidariedade aos cidadãos afetados.

Os Dodgers afirmam ter uma base de torcedores composta por mais de 40% de latinos, mas não reconheceram publicamente o impacto dessas ações no bem-estar da comunidade. Este silêncio gerou frustração entre os fãs, que se sentem diretamente atingidos pelos eventos recentes.

As críticas também se dirigem à postura da equipe em relação a sua visita à Casa Branca, quando foi convidada pelo presidente Donald Trump. Num momento em que a retórica e as políticas do governo geraram consequências reais, como a separação de famílias e a discriminação racial, a falta de comentários dos Dodgers sobre essa relação estranha e problemática foi notada. O presidente da equipe argumentou que a visita não tinha conotações políticas.

O gestor da equipe, Dave Roberts, foi uma das poucas vozes a reconhecer a situação, expressando o desejo de que a equipe pudesse servir como um “distrator positivo” para os problemas enfrentados pela comunidade. A resposta, considerada insuficiente, leva muitos torcedores a questionar como continuar apoiando a equipe num momento tão complicado.

Conforme as tensões aumentam em Los Angeles devido às ações da imigração, a pressão sobre os Dodgers para que tomem uma posição clara só tende a crescer. Isso ocorre em meio ao temor de uma resposta negativa de parte de sua base de fãs que pode não se sentir representada ou ouvida.

Paradoxalmente, momentos de confraternização são organizados, como a promoção da noite do “bobblehead” em homenagem a Fernando Valenzuela, um ícone muito querido pela torcida. Essa tentativa de celebração contrasta com os desafios sociais enfrentados na comunidade, levando a um sentimento de desconexão entre a equipe e uma parte significativa de seus torcedores.