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Desmatamento na Serra do Curral ameaça ecossistema local

Na manhã de quarta-feira, 17 de outubro, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram uma operação em Minas Gerais para investigar casos de corrupção entre servidores públicos na área ambiental e de mineração. As autoridades acreditam que empresários estavam pagando propina para conseguir aprovar projetos e obter licenças ambientais fraudulentas. O principal suspeito da operação é Alan Cavalcante do Nascimento, um empresário de Alagoas com uma trajetória polêmica no setor de mineração.

Alan, que se tornou conhecido pelo seu estilo de vida extravagante, promove festas de Ano Novo em sua mansão, localizada em um dos condomínios mais caros de Alagoas. Nessas festas, que se estendem por três semanas, ele recebe cerca de quinhentos convidados e oferece shows de artistas famosos. Em um passado recente, ele vivia de forma bem mais simples, comemorando em um pequeno quintal em Arapiraca, mas mencionou ter mudado de vida com muito trabalho, dedicando-se ao setor de mineração.

Atualmente, Alan Cavalcante lidera um conglomerado de 38 empresas, incluindo mineradoras e construtoras. Seu ativo total formal é avaliado em mais de 100 milhões de reais. Em junho deste ano, ele chamou a atenção ao dar o maior lance em um leilão beneficente, onde pagou 1,2 milhão de reais por artigos de luxo que pertenciam ao jogador Neymar.

Apesar de sua riqueza, seu sucesso no setor de mineração gera preocupação devido ao impacto ambiental negativo que suas atividades têm causado. Ele possui quatro jazidas de minério de ferro na Serra do Curral, uma área emblemática próxima a Belo Horizonte, que já foi alvo de exploração minerária no passado. A restauração do local era esperada após anos de extração, mas agora Alan é visto como uma nova ameaça a essa região.

Nos últimos cinco anos, Alan já foi autuado 18 vezes por infrações ambientais, resultando em multas que somam 2,6 milhões de reais. Dentre as irregularidades, estão a captura de água sem autorização e o desmatamento de 67 hectares na Serra do Curral. Seu grupo, a Fleurs, é um dos três mais autuados por violações ambientais em Minas Gerais entre 2018 e 2023.

As suspeitas sobre Alan e suas empresas aumentaram em 2020, quando fiscais descobriram que uma de suas empresas realizava extração ilegal de minério. A Polícia Federal começou uma investigação que revelou que muitos dos sócios de suas empresas poderiam ser “laranjas”, sem capacidade técnica ou financeira para gerir os negócios. Ademais, duas empresas do seu conglomerado têm endereços fictícios em Maceió, e uma delas não parece ter nenhuma conexão real, sendo registrada em uma casa desconhecida em Arapiraca.

Essa operação da Polícia Federal e da CGU busca esclarecer essas irregularidades e combater a corrupção no setor, que afeta diretamente a área ambiental e a gestão dos recursos naturais em Minas Gerais.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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