Descontos indevidos nos salários de servidores estaduais podem chegar a R$ 700

Golpe afeta 243 servidores públicos em Minas Gerais
Um esquema fraudulento afetou 243 servidores públicos de Minas Gerais, muitos deles aposentados, que já enfrentavam dificuldades financeiras. Os golpistas exploraram a vulnerabilidade emocional e econômica dessas pessoas, levando-as a contrair empréstimos consignados, mesmo já tendo comprometido a renda com outros débitos.
A maioria das vítimas já tinha um empréstimo consignado, que limita em 40% o valor da renda que pode ser descontada para pagamentos. Os criminosos, aproveitando-se da situação de insegurança financeira, induziram os servidores a contratar novos empréstimos por meio de entidades associativas, que cobravam juros exorbitantes.
O processo começava com o contato dos golpistas, que se apresentavam sob a promessa de facilitar empréstimos. As vítimas eram levadas a reconhecer mensalidades associativas e autorizavam o desconto diretamente em seus salários. Um juiz na Paraíba acabava autorizando os descontos, alegando motivos variados, como a compra de medicamentos ou tratamento de saúde.
Dessa forma, além do pagamento do primeiro empréstimo, as vítimas acabavam arcando com um novo desconto mensal, que variava entre R$ 300 e R$ 700. A situação levantou suspeitas quando se descobriu que as entidades associativas estavam sediadas na Paraíba, trazendo à tona a questão de por que servidores de Minas estavam contribuindo com uma instituição tão distante.
Uma dessas associações chegou a abrir uma sede em Porto Alegre, mas o prédio permaneceu desocupado. O esquema, embora novo em Minas Gerais, já era conhecido em outros estados. Investigações anteriores revelaram que a quadrilha tinha ramificações em várias regiões, e operações já tinham sido realizadas contra eles na Paraíba.
Após tomar conhecimento do caso, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) solicitou a suspensão imediata dos descontos nos contracheques dos servidores. Os valores descontados foram depositados em uma conta judicial, e o ressarcimento para os lesados será avaliado ao longo da investigação.
Diante da identificação das vítimas, a Secretaria da Fazenda iniciou uma auditoria nos contracheques de todos os servidores para evitar novas fraudes, embora haja a expectativa de que algumas vítimas adicionais possam surgir. Além disso, o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) se comprometeu a oferecer apoio psicológico aos afetados pelo golpe.