Cavaquinista da Zona Leste de SP apresenta EP com músicas inéditas

No dia 8 de agosto, o músico Léo Matheus, de 26 anos, lançou o segundo EP do projeto intitulado “Inéditas do Mestre Siqueira”. Este projeto tem como principal objetivo homenagear o cavaquinista Mestre Siqueira, destacando uma parte de sua vasta obra.
O primeiro single desse projeto foi divulgado em janeiro de 2025, seguido por um EP com quatro faixas lançado em fevereiro. Em julho, Léo apresentou mais um single, que serviu como uma prévia do EP mais recente. O disco completo deve ser lançado em setembro e trará oito músicas conhecidas, além de duas faixas inéditas.
Mestre Siqueira começou sua trajetória musical aos 13 anos, mas lançou seu primeiro trabalho, o álbum “Entre Nós”, apenas em 2013. Esse projeto contou com a produção do músico Pedro Cantalice, que também é responsável pelo site Memória do Cavaquinho Brasileiro.
Foi através desse site que Léo Matheus conheceu o cavaquinista. Ele ficou impressionado com o estilo único de Siqueira e decidiu se aprofundar sobre sua carreira. A obra do mestre é descrita como ousada, pela forma moderna como ele compõe. Durante a realização de seu TCC na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Léo teve a oportunidade de entrevistar Siqueira e descobriu músicas inéditas que o artista criou mas nunca registrou. Siqueira guarda essas composições na memória, sem utilizar partituras, o que deixou Léo admirado.
Léo Matheus, que veio de Itaquera, na zona leste de São Paulo, possui uma carreira de dez anos na música. Atualmente, ele integra os grupos Samba Sem Patente e Quarteto Fora de Contexto, além de ser diretor musical da cantora Ayô Tupinambá. Ele também se apresenta com outros grupos de samba e choro pela cidade.
Com experiência no cenário musical independente, Léo decidiu que era o momento de criar seu projeto solo e registrar as músicas desconhecidas de Siqueira, trazendo sua arte para novos ouvintes. O álbum conta com colaborações de vários artistas renomados de São Paulo, como Bill Davisonsz, Henrique Araújo e Elza Soares.
Mestre Siqueira, natural de Pernambuco, cresceu em um lar musical, com um pai bandolinista e uma mãe pianista. Desde pequeno, ele se encantava ao ver seus pais tocando em casa. Seu amor pelo cavaquinho começou quando ainda era criança, mas só conseguiu comprar um instrumento anos depois, já no Rio de Janeiro, com o dinheiro que juntou.
Hoje com 87 anos, Siqueira consolidou sua carreira no choro e no samba, dividindo o palco com grandes nomes da música brasileira. Além do EP “Entre Nós”, ele já lançou outros dois álbuns, apresentando uma variedade de estilos musicais.
Embora reconhecido por sua versatilidade, Siqueira enfrentou preconceitos em relação à sua música. A complexidade de suas composições gerava dificuldade para muitos músicos. Segundo Pedro Cantalice, levou gerações para que ele conseguisse gravar suas primeiras canções, e hoje, com a divulgação de sua obra, novos públicos estão começando a descobrir seu talento.
A nova geração de ouvintes tem acessado a música de Siqueira através do recente EP, o que gera satisfação em Léo Matheus. Pessoas que não conheciam o cavaquinista começaram a elogiá-lo após ouvirem as músicas. Para Léo, o principal objetivo do projeto é que a obra de Siqueira seja mais pesquisada e divulgada.
Mestre Siqueira expressa seu sentimento de missão cumprida ao perceber que jovens estão se interessando por sua música. Ele acredita que compartilhar suas composições com músicos como Léo é uma maneira de garantir que seu legado continue vivo. Para ele, a música não deve ser esquecida com o passar das gerações.
Léo também planeja shows em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde terá a presença do Mestre Siqueira. Ele acredita que as apresentações ao vivo são uma oportunidade única de conectar o público com a música. A aceitação do público tem sido animadora e a expectativa é de que mais pessoas se interessem pelo trabalho.
Mestre Siqueira reflete sobre a continuidade da cultura musical, comparando-a à construção. Ele acredita que cada geração cria novas estruturas sobre os fundamentos, e se vê como a base para futuros músicos.