Coty pode estar à venda, segundo fontes do setor

Coty Inc., uma das empresas mais tradicionais do setor de beleza, está em conversas para possíveis vendas de suas divisões. Fontes do setor indicam que a companhia, que é listada na Bolsa de Nova York e na de Paris, está considerando a venda em duas partes: sua divisão de Luxo, que inclui marcas renomadas como Gucci, Burberry, Jil Sander e Hugo Boss, e sua divisão de Consumo, que conta com marcas populares como Covergirl, Max Factor e Rimmel London.
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Um porta-voz da Coty afirmou que a empresa não comenta rumores e especulações. No que diz respeito ao setor de Luxo, rumores apontam que a Coty está conversando com a Interparfums sobre sua linha de fragrâncias, sendo que esta última poderia estar interessada apenas em algumas marcas, como Burberry e Hugo Boss. O lançamento de Burberry Goddess, em 2023, foi um dos maiores sucessos da Coty, enquanto Hugo Boss se destacou como a segunda maior franquia de perfumes masculinos na Europa no segundo semestre do ano passado.
Por isso, a negociação para o setor de fragrâncias pode ser feita como uma parceria estratégica ou fusão, ao invés de uma aquisição completa. A Interparfums já teria feito uma proposta para a licença da marca Burberry, que era administrada por ela até o final de 2013. No entanto, a licença de fragrâncias da Gucci provavelmente estará em risco, já que a Kering, empresa-mãe da Gucci, planeja internalizar essas operações quando o contrato atual expirar, previsto para 2028. Em julho de 2023, a CEO da Coty, Sue Nabi, indicou que não haveria discussões sobre a renovação de licenças nos próximos cinco anos.
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Recentemente, a Coty enfrentou desafios em suas vendas. O desempenho de sua divisão de beleza de massa caiu 9% no terceiro trimestre do ano fiscal de 2025 em comparação ao ano anterior, refletindo uma tendência de fraqueza no setor. Havia esperança de encontrar um comprador na Ásia, mas a desaceleração econômica e as tensões comerciais com os Estados Unidos complicam essa possibilidade. Além disso, a divisão de Consumo enfrenta forte competição de marcas que adotam a venda direta ao consumidor, e investidores tendem a ver as marcas de massa como menos atraentes em comparação às de luxo.
As fontes afirmam que um comprador para toda a empresa seria difícil de encontrar, principalmente devido a questões de antitruste. Se a divisão de massa for vendida, a expectativa é que o negócio de fragrâncias seja rapidamente adquirido. A Coty também tenta vender sua participação restante de 3,6% na Wella, uma gigante dos cuidados capilares, embora um acordo que estava em vias de ser fechado tenha estourado em outubro de 2023.
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As especulações em torno da permanência de Sue Nabi como CEO da Coty aumentam. Alguns rumores sugerem que ela pode deixar a empresa ainda neste verão. Nabi, que fundou a marca Orveda e assumiu a Coty em 2020, é a executiva mais bem paga do setor de beleza e trabalhou por 20 anos na L’Oréal. A Coty, por sua vez, viu suas ações caírem 30,7% até o momento, enquanto concorrentes como L’Oréal e Estée Lauder apresentaram desempenhos financeiros melhores.
Além da queda nas ações, a Coty também registrou uma perda de 71,1 milhões de dólares com a venda da Skkn, a linha de beleza de Kim Kardashian, que não atingiu as expectativas esperadas. Coty havia adquirido uma participação de 20% na marca em 2022, mas o projeto não teve o mesmo sucesso de lançamentos anteriores.
As dificuldades se estendem ao Kylie Cosmetics, que não performou como o esperado. Apesar do desempenho positivo nas fragrâncias, a marca de Kylie Jenner, adquirida pela Coty em 2019, também enfrentou desafios. No terceiro trimestre, as receitas totais da Coty caíram 6%, totalizando 1,29 bilhão de dólares, um valor abaixo da previsão de analistas.
Atualmente, a Coty ocupa a nona posição na lista das 100 principais empresas de beleza, conforme os resultados de 2024, com vendas de 6,1 bilhões de dólares, um aumento de 1,7% em relação ao ano anterior.
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