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Argentina intervém no câmbio após caso Karina Milei

O Tesouro da Argentina anunciou que vai intervir no mercado de câmbio, em meio a uma situação difícil enfrentada pelo governo do presidente Javier Milei. Antes de uma eleição importante marcada para o próximo domingo, dia 7, os ativos do país passaram por uma queda acentuada devido a desafios políticos e econômicos.

Esta decisão marca uma mudança na estratégia do governo, que até agora tinha defendido a flutuação livre do peso argentino dentro de um intervalo definido. Com a inflação e as incertezas no mercado aumentando, o governo está buscando maneiras de estabilizar a taxa de câmbio.

As autoridades elevaram significativamente as taxas de juros para enfrentar uma crescente dívida pública e implementaram novas exigências de reservas para os bancos, além de aumentar as restrições cambiais. O secretário de Finanças, Pablo Quirno, comunicou na terça-feira que essa intervenção visa melhorar a liquidez e o funcionamento normal do mercado.

Os títulos soberanos da Argentina sofreram perdas, com os papéis com vencimento em 2035 caindo para os níveis mais baixos desde abril. A moeda nacional teve uma desvalorização de 1,6%, embora tenha se recuperado de uma queda mais acentuada no início da semana.

De acordo com as condições estabelecidas no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo não deveria comprar moeda estrangeira a menos que o dólar atingisse o piso de 951 pesos e não vender a menos que ultrapassasse o teto de 1.471 pesos. No entanto, analistas apontam que o governo tem interferido frequentemente no câmbio, o que poderia indicar uma flutuação “suja”.

Além da crise econômica, o governo enfrenta alegações de corrupção que complicam ainda mais a situação. Recentemente, áudios vazados sugerem que Karina, irmã de Milei, se beneficiaria de um esquema fraudulento envolvendo a distribuição de medicamentos. As gravações geraram preocupação sobre a confiança dos investidores no governo. Em resposta, um juiz federal proibiu a divulgação de gravações feitas na sede do governo.

A desconfiança dos investidores aumentou com recentes resultados eleitorais desfavoráveis. No último domingo, na província de Corrientes, o candidato apoiado por Milei obteve um desempenho abaixo do esperado, o que reforçou as dúvidas sobre a estratégia do presidente de não formar alianças políticas.

Com a votação na província de Buenos Aires se aproximando, a atenção do país se volta para essa região, que possui quase 40% da população da Argentina e historicamente apoia o movimento peronista da oposição. Os investidores consideram essa eleição um indicativo importante para as próximas disputas em outubro, quando o país irá renovar parte de seu Congresso.

Estrategistas do Morgan Stanley identificam essas eleições como um possível obstáculo a curto prazo para a economia e as reformas necessárias, embora acreditem que ainda há oportunidades atraentes no mercado, já que as reformas continuam a ser uma pauta relevante.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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