Análise da segunda parte da segunda temporada de Wednesday na Netflix
A segunda parte da segunda temporada de “Wednesday”, série da Netflix, continua a história da personagem principal, Wednesday Addams, interpretada por Jenna Ortega. Desde sua estreia, a produção se tornou um dos maiores sucessos da plataforma, beneficiada por sua mistura de nostalgia, humor sombrio e a relação entre os personagens.
Na nova temporada, a trama rapidamente resolve um cliffhanger: no final da Parte 1, Wednesday parece ter morrido, mas logo no início da nova fase, ela retorna à vida após uma breve jornada pelo além, onde encontra o fantasma da sua antiga diretora, Larissa Weems. Após esse início apressado, a história se desenrola em torno de uma série de mistérios na academia Nevermore, envolvendo lobisomens, cultos de sereias, um novo diretor traiçoeiro, fantasmas e até um triângulo amoroso que se complica ao se transformar em um “rombóide amoroso” em torno de Enid.
Entretanto, a série enfrenta um desafio: a narrativa se mostra sobrecarregada, misturando diversos enredos que não se conectam de maneira eficaz. A presença constante de Tyler, interesse romântico de Wednesday, e sua trama familiar, por exemplo, acaba distraindo o público dos principais elementos que tornaram a série popular. Ao mesmo tempo, as sequências de luta, feitas com a técnica de computação gráfica, parecem querer emular o estilo de Tim Burton, mas acabam se distanciando do que realmente prende a atenção: a atuação de Ortega.
Um dos episódios mais aclamados dessa nova fase é aquele em que Wednesday e Enid trocam de corpos. Neste momento, a série parece encontrar um equilíbrio entre a comédia e o sobrenatural, colocando o relacionamento das personagens no centro da história. A química entre Ortega e Emma Myers, que interpreta Enid, é um dos pontos altos. No entanto, a série frequentemente separa as duas, o que prejudica o desenvolvimento da narrativa.
Vale ressaltar que, apesar das falhas, alguns personagens secundários se destacam. Agnes DeMille, interpretada por Evie Templeton, evolui de uma personagem unidimensional para alguém mais intrigante. Steve Buscemi dá um toque divertido como o novo diretor da Nevermore, enquanto Gwendoline Christie, como Larissa Weems, traz humor e emoção a suas cenas. Além disso, Joanna Lumley, no papel de Grandmama Hester Frump, compõe uma figura carismática e intrigante.
Apesar dessas boas performances, a série tem uma quantidade excessiva de personagens que não são bem desenvolvidos, levando a uma sensação de bagunça. A história de um culto de sereias, centrada na aluna Bianca, e os dilemas românticos de Enid acabam se tornando elementos secundários sem a profundidade necessária.
Outro aspecto que surpreende é a falta de foco na ambientação da Nevermore Academy. Não há sequer uma cena em que os personagens assistam a uma aula, o que é incomum, considerando que a escola abriga personagens sobrenaturais com habilidades especiais. O enredo se concentra em eventos fora da escola, como festas e passeios, o que pode deixar o espectador questionando a natureza da narrativa.
Os criadores da série, Alfred Gough e Miles Millar, são conhecidos por desenvolver tramas que equilibram o elemento sobrenatural com o crescimento emocional dos personagens. É esperado que, após o término dessa temporada, eles se concentrem em identificar o que funcionou e o que precisa ser aprimorado na próxima. A série precisará retomar o foco nas relações centrais, especialmente entre Wednesday e Enid, e deixar de lado os enredos complexos que não acrescentam à história.
Em resumo, “Wednesday” mantém elementos que atraem o público, mas precisa encontrar um equilíbrio entre as várias tramas e focar no que realmente faz a série ressoar com os espectadores. A expectativa é que a próxima temporada traga uma narrativa mais coesa, priorizando personagens e seus relacionamentos.
