Aliados de Teerã se mantêm fora do conflito Israel-Irã

Iranian Foreign Minister Abbas Araghchi, center, lays a wreath at the tomb of slain Hezbollah leader Hassan Nasrallah in the southern suburbs of Beirut, Lebanon, Tuesday, June 3, 2025. (AP Photo/Hassan Ammar)
Hezbollah e o Conflito com Israel: Uma Análise da Situação Atual
O Hezbollah, grupo militante libanês apoiado pelo Irã, tem sido visto como a primeira linha de defesa do Irã em um possível conflito com Israel. No entanto, após uma série de ataques aéreos massivos realizados por Israel na última semana, o Hezbollah tem se mantido à margem do conflito, surpreendendo muitos analistas e especialistas na região.
Nos últimos dias, Israel lançou ofensivas que, supostamente, utilizaram o espaço aéreo do Iraque, onde militantes alinhados ao Irã também permaneceram em silêncio. A falta de uma reação mais contundente pode ser atribuída a preocupações políticas internas e às perdas enfrentadas durante os conflitos recentes. Essas circunstâncias têm levado os aliados iranianos a adotar uma postura mais cautelosa nesta nova fase de agitações no Oriente Médio.
O Hezbollah foi fundado na década de 1980 com o apoio do Irã e se destacou como uma força de resistência contra a ocupação israelense no sul do Líbano. Com o passar dos anos, o grupo se tornou uma força significativa na região, fazendo parte do que é conhecido como o "Eixo de Resistência", que inclui também milícias xiitas do Iraque, os rebeldes Houthi do Iémen e o Hamas, grupo militante palestino.
Em um contexto recente, o Hezbollah alcançou um nível considerável de poder, possuindo, em algum momento, cerca de 150 mil foguetes e mísseis, e contando com um grande número de combatentes. Após um ataque do Hamas em outubro de 2023, o Hezbollah lançou foguetes em direção a Israel, provocando retaliações que resultaram em um conflito severo no último setembro. A ofensiva israelense causou grandes danos ao Hezbollah, resultando na morte de lideranças importantes e na destruição de parte significativa de seu arsenal.
Após um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos em novembro passado, a situação continua tensa, com Israel realizando ataques aéreos regulares em áreas do sul do Líbano que ainda estão sob sua ocupação.
Na frente do Iraque, milícias iranianas têm sido menos proativas, atacando bases de tropas dos EUA em algumas ocasiões, mas evitando uma escalada que poderia resultar em um confronto maior. Recentemente, a milícia Kataib Hezbollah expressou sua indignação pelo uso do espaço aéreo iraquiano para os ataques israelenses, mas ao mesmo tempo, fez um apelo ao governo iraquiano para expulsar as forças consideradas hostis, sem contudo ameaçar o uso de força.
O Hezbollah, fragilizado pelos conflitos recentes e pela perda de uma rota de suprimentos devido à situação instável na Síria, agora enfrenta ansiedade interna. Muitos de seus membros se sentem sacrificados pelos interesses regionais do Irã, especialmente após os eventos que seguiram o ataque do Hamas.
A relação entre Hezbollah e Irã parece estar em transformação. Existe um sentimento crescente entre os membros do Hezbollah de focar nas questões internas do Líbano, em vez de apenas defender interesses iranianos. Apesar disso, analistas afirmam que o Hezbollah pode ainda estar envolvido nas tensões regionais, dependendo das circunstâncias políticas e militares que se desenrolarem.
Os Houthis, por outro lado, estão se posicionando como um novo centro dentro deste Eixo de Resistência, mas também enfrentam limitações em seus ataques a Israel, cujas capacidades de alcance estratégico não se comparam às do Hezbollah.
A situação no Oriente Médio continua complexa, com grupos que antes eram vistos como parte de um eixo unido, agora se comportando de maneira mais independente, cada um focando principalmente em sua própria sobrevivência. As próximas etapas deste conflito dependerão fortemente do desenvolvimento político e militar nos países envolvidos.