Geada negra no Sul do Brasil: entenda o fenômeno

Na madrugada desta terça-feira, áreas do Sul do Brasil enfrentam o risco de um fenômeno conhecido como geada negra. Essa condição climática ocorre quando há uma combinação de vento forte e temperaturas muito baixas, frequentemente abaixo de zero grau Celsius, especialmente em locais de maior altitude nas regiões serranas e de planalto. Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Planalto de Palmas no Paraná estão entre os mais afetados.

A geada negra é um fenômeno que provoca a morte de plantas devido ao frio intenso. Diferente da geada comum, não há formação visível de gelo nas superfícies. O principal fator que contribui para sua ocorrência é a presença de ventos que, aliados a uma massa de ar muito fria e seca, dificultam a proteção natural que as plantas possuem contra o frio.

O vento atua na remoção rápida do ar mais quente que permanece próximo ao solo, resultando em uma perda de calor acelerada das plantas durante a noite. Com essa combinação de ar gelado, vento forte e baixa umidade, impede-se a formação do orvalho, que é essencial para a criação de cristais de gelo como acontece na geada branca. Como resultado, ocorre um congelamento interno nos tecidos das plantas.

As plantas que estão expostas ao vento são ainda mais prejudicadas, pois o movimento do ar retira constantemente o calor que elas conseguem reter, intensificando os danos. Nas horas seguintes à geada negra, folhas e caules afetados começam a escurecer e morrer, evidenciando os efeitos do fenômeno.

Esse fenômeno é uma grande preocupação para a agricultura, já que culturas como café, milho, trigo e hortaliças são extremamente vulneráveis. A geada negra é mais comum nos meses de outono e inverno no Sul do Brasil, principalmente quando massas de ar polar avançam acompanhadas de ventos fortes. Um exemplo histórico significativo aconteceu em julho de 1975, quando uma geada negra causou danos extensivos às lavouras de café no Paraná, resultando em perdas econômicas substanciais devido ao vento intenso que acentuou o congelamento das plantas.