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Vale a pena investir R$ 130 mil neste carro?

O Fiat Pulse Audace Hybrid chegou para fazer barulho no mercado, prometendo unir conforto, eficiência energética e um toque de tecnologia “verde” a um preço que promete ser competitivo entre os SUVs compactos. Mas será que ele entrega tudo isso de verdade? Vamos dar uma olhada mais de perto e entender o que muda com esse novo sistema híbrido.

A Fiat decidiu apostar suas fichas no Pulse e também no Fastback, trazendo o novo sistema híbrido leve (MHEV – Mild Hybrid Electric Vehicle). No caso do Pulse, a ideia é equilibrar o consumo de combustível, emitir menos poluentes e oferecer uma condução suave no dia a dia urbano.

O motor 1.0 turbo de 3 cilindros é o coração desse modelo, agora com um empurrãozinho de um pequeno motor elétrico que adiciona 4 cavalos e 1 kgfm de torque. Pode parecer pouco, mas, na prática, isso ajuda o carro a exigir menos do motor a combustão em situações de tráfego intenso ou em deslocamentos curtos.

Mas tem um detalhe: o preço subiu R$ 6.000 desde que a versão híbrida chegou ao mercado, levando o Pulse Audace Hybrid para a casa dos R$ 129.000. Esse valor o coloca em um segmento bastante disputado, onde a economia de combustível precisa ser realmente atraente.

Visual e acabamento: sem muitas mudanças

Por fora, o Pulse mantém o visual moderno e as linhas urbanas que conquistaram os motoristas desde 2021. Já por dentro, a simplicidade é a palavra-chave. Aqui, não tem luxo, e o que encontramos são bancos de tecido e um acabamento mais funcional.

A central multimídia com tela flutuante e os controles físicos do ar-condicionado são pontos positivos, já que são fáceis de usar. No dia a dia, o espaço interno nos bancos dianteiros é confortável, já os traseiros não impressionam.

Conforto urbano é onde ele brilha

Quando se fala em uso urbano, o Pulse mostra seu valor. A direção leve e os bancos confortáveis fazem dele um bom companheiro no trânsito caótico das grandes cidades. As ruas esburacadas são contornadas com tranquilidade, e a sensação de “flutuar” é bem real.

O câmbio CVT ajuda a deixar tudo mais suave, mantendo o motor em rotações baixas. E é aqui que o sistema híbrido leve começa a dar o ar da graça, proporcionando uma condução mais tranquila, com menos vibração e ruído. Mas, se você espera uma mudança radical no comportamento do carro, talvez vá se decepcionar. As diferenças são sutis, perceptíveis em refinamento, mas não necessariamente em desempenho.

Start/Stop: um sistema que divide opiniões

O sistema start/stop é uma das mudanças mais visíveis no Pulse Hybrid. Ele corta o motor ao parar, o que pode ajudar a economizar combustível, mas pode ser um incômodo. O atraso ao desligar o motor pode criar situações embaraçosas em sinais, quando o carro simplesmente não liga rápido o suficiente.

E o pior: não dá para desativar. Antes tínhamos botões ou ajustes, mas agora é permanente. Para quem não gosta desse recurso, essa é uma limitação bem chata.

E o consumo? Vale mesmo o “H” no nome?

Quando falamos de híbridos, o consumo geralmente é a carta na manga. Para o Pulse, na prática, a economia é discreta. Os testes revelaram que a média urbana passou de 8,0 km/l para 9,4 km/l — um ganho de cerca de 18%. Até pode parecer bom, mas esse ganho não justifica os R$ 6.000 a mais.

E, para piorar, você encontra modelos como o Renault Kardian e Citroën Basalt, que não são híbridos e entregam uma manutenção mais tranquila e barata.

Ou seja, pode demorar um bom tempo para a economia no combustível compensar o investimento no sistema híbrido leve, e isso sem contar possíveis custos de manutenção que podem surgir.

Performance: não espere esportividade

O Pulse Audace Hybrid tem um total de 130 cv somando motor a combustão e a assistência elétrica. Não é um carro lento, mas também não vai te deixar empolgado. A aceleração até os 100 km/h gira em torno de 10 segundos, aceitável para um SUV urbano, mas nada além disso. O foco aqui é mesmo no conforto.

O motor 1.0 turbo é bom para uso diário, e a calibragem garante respostas eficientes até nas situações de trânsito mais complicadas.

O sistema híbrido leve vale a pena?

Esse é o grande dilema. O Pulse só está disponível nessa versão híbrida, ou seja, se você gosta desse nível de acabamento, terá que optar pelo sistema MHEV.

Vamos aos prós e contras dessa escolha:

Prós:

  • Condução mais suave.
  • Leve economia.
  • Menor emissão de poluentes.
  • Conforto no trânsito.

Contras:

  • Preço elevado.
  • Diferença real de consumo é pequena.
  • Start/stop fixo e incômodo.
  • Potenciais custos de manutenção mais altos.
  • Sem opção de versão não-híbrida.

Assim, se você valoriza conforto em cidades e um leve ganho em economia, talvez o Pulse te agrade. Porém, se a ideia é buscar o melhor custo-benefício e economia real, pode ser mais interessante explorar outras opções.

E se compararmos com híbridos de verdade?

Para quem realmente busca economia e um perfil mais ecológico, considerar híbridos completos (HEV) como o Toyota Corolla Hybrid pode ser uma boa.

Mesmo sendo um sedã médio, você pode encontrar modelos usados que oferecem um desempenho significativo de economia e um sistema muito mais eficiente, sem serem necessariamente mais caros.

O Pulse Hybrid acaba sendo um carro a combustão com um “ajudante elétrico”. É uma boa opção para quem está começando a explorar essa nova fase do mercado, mas a relação custo-benefício, por ora, ainda peca.

 

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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