Automotivo

Trunfo mineral na disputa entre China e EUA: o que saber

Já ouviu falar nos “ímãs de terras raras”? Esses materiais estão se tornando um verdadeiro desafio para a indústria automotiva e outras áreas também. O colunista Jason Vogel comentou sobre esse assunto e deixou claro que, apesar de não estarmos vivendo uma crise tão severa quanto a da pandemia, a situação pode se complicar rapidamente, especialmente no contexto da nova Guerra Fria entre os Estados Unidos e a China.

Para entender melhor essa questão, é bom saber que existem 17 metais pesados chamados de “terras raras”. Eles incluem o neodímio, samário, disprósio, térbio e praseodímio. Embora estejam presentes na crosta terrestre, na prática, são encontrados em quantidades pequenas, o que torna sua extração e purificação um processo complicado e caro. Por isso, são chamados de “terras raras”.

O que são terras raras?

Esses elementos químicos, que também incluem o lantânio, cério e gadolínio, são cruciais para diversos produtos que usamos todos os dias. Estão presentes em tudo, desde smartphones até carros elétricos, turbinas eólicas e até em equipamentos médicos. Com a crescente busca por eficiência energética, a demanda por esses materiais só aumenta.

A evolução dos ímãs e o uso na indústria

Os primeiros ímãs com metais de terras raras apareceram nos anos 60, com o samário-cobalto. Embora fossem poderosos, tinham um custo alto. Em 1984, a General Motors e a Sumitomo revolucionaram o mercado ao desenvolver os ímãs de neodímio, que são leves, fortes e hoje em dia substituem outros tipos de ímãs em muitas aplicações. Na indústria automotiva, esses ímãs são indispensáveis. Você pode encontrá-los na direção elétrica, nos sistemas de frenagem regenerativa, em alto-falantes e em muitos outros componentes. Um carro elétrico pode ter entre 1 e 2 quilos desse material.

O monopólio chinês e os riscos geopolíticos

A briga entre os Estados Unidos e a China se intensificou e hoje o país asiático detém uma enorme fatia do mercado de terras raras, responsável por mais de 90% do refino e cerca de 70% da mineração global. Recentemente, a China anunciou restrições nas exportações desses materiais, aumentando a pressão sobre a indústria automotiva em todo o mundo. Especialistas alertam que, mesmo com acordos, as tensões geopolíticas ainda podem criar desafios e incertezas no fornecimento.

E o Brasil?

Aqui no Brasil, a situação ainda parece estável, mas estamos longe de estarmos livres das preocupações. A indústria automotiva nacional depende fortemente de fornecedores estrangeiros, principalmente da China. Com o aumento das vendas de elétricos e híbridos como o Toyota Corolla Cross e o BYD Dolphin, a escassez de ímãs de terras raras pode se tornar um problema real. Esses modelos modernos utilizam esses materiais em motores, sensores e sistemas de assistência ao motorista.

Apesar de o Brasil ter reservas significativas de terras raras, a exploração é rudimentar e lenta. Existem projetos em andamento, mas para atender à crescente demanda, o país precisa se apressar em desenvolver uma cadeia produtiva mais robusta.

Voltar a ser autossuficiente e menos dependente de mercados externos é um desafio, mas é uma prioridade se quisermos acompanhar o futuro da mobilidade elétrica e sustentável.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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