Jovem com CNH pode ter surpresa ao realizar o novo teste do cabelo

Em uma decisão que está sendo chamada de “roleta-russa da vida”, o presidente Lula vetou a exigência do exame toxicológico de larga janela — o famoso “teste do cabelo” — para quem vai tirar a primeira habilitação.
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A medida, que na prática permite que usuários frequentes de drogas obtenham o direito de dirigir sem qualquer filtro, gerou uma onda de comemoração entre os próprios usuários nas redes sociais e um pânico generalizado entre especialistas em segurança no trânsito.
O veto presidencial ao Projeto de Lei 3.965/2021 abriu uma ferida exposta na sociedade. De um lado, o argumento de que a CNH é um direito.
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Do outro, a realidade brutal dos números: acidentes de trânsito são uma das três maiores causas de morte entre jovens no Brasil, e quase metade desses acidentes está ligada ao uso de álcool e drogas.
Agora, o Congresso Nacional se prepara para uma batalha épica para derrubar o veto e impor o exame, usando como arma os dados assustadores que o “teste do cabelo” revelou entre os motoristas profissionais.
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Mas o que, afinal, esse exame é capaz de dedurar? E por que sua ausência na primeira CNH é considerada uma verdadeira tragédia anunciada?
O “dedo-duro” do cabelo: o que o exame revela
Diferente do exame de urina ou de sangue, que detectam o uso de drogas por apenas alguns dias, o exame toxicológico de larga janela é um verdadeiro delator do seu estilo de vida.
Através de uma pequena amostra de cabelo, ele é capaz de identificar o uso frequente e repetido de diversas substâncias nos últimos 90 a 180 dias.
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O que ele detecta:
- Maconha e derivados (THC).
- Cocaína e crack.
- Anfetaminas (rebite).
- Metanfetaminas.
- Ecstasy (MDMA).
- Opiáceos, como morfina e heroína.
É a única ferramenta capaz de diferenciar o usuário esporádico do usuário contumaz, aquele que representa um risco constante no volante.
Os números do terror: o que aconteceu quando o teste foi exigido
Para entender o poder do exame, basta olhar o que aconteceu quando ele se tornou obrigatório, em 2016, para motoristas profissionais das categorias C, D e E (caminhões e ônibus). Os resultados são um soco no estômago.
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- A realidade da cocaína: Antes, exames de urina apontavam que cerca de 5% dos caminhoneiros usavam anfetaminas. Com o teste do cabelo, descobriu-se que 30% a 50% deles usavam drogas frequentemente, com um predomínio assustador da cocaína (85% dos casos).
- Queda nos acidentes: Após a exigência do exame, os acidentes com caminhões nas rodovias federais caíram 34% e os com ônibus, 45%, segundo dados da PRF.
- A “positividade escondida”: O número de motoristas profissionais caiu de 13,2 milhões para 11,5 milhões. Essa diferença de quase 2 milhões representa motoristas que simplesmente deixaram de renovar a CNH por saberem que seriam reprovados no exame.
A bomba-relógio: jovens e drogas no Brasil
Ignorar esses dados e liberar a CNH para jovens sem esse filtro é sentar em cima de uma bomba-relógio. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE/IBGE) já mostrava um aumento de 47% no uso de drogas ilícitas entre adolescentes.
Exigir o exame toxicológico na primeira habilitação não é apenas uma medida de segurança no trânsito; é uma poderosa ferramenta de saúde pública para frear o avanço do consumo de drogas entre os mais jovens, no momento exato em que eles estão prestes a receber uma arma nas mãos: a chave de um carro. A decisão de derrubar ou manter o veto de Lula está, agora, nas mãos do Congresso.
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