Automotivo

Nova tecnologia permite carga de 400 km em 5 minutos

Enquanto aqui no Brasil ainda estamos discutindo sobre como instalar carregadores nos prédios, a China chegou arrasando com uma novidade: um carregador que consegue adicionar 400 km de autonomia em apenas cinco minutos. Exatamente, cinco minutos! É mais ou menos o mesmo tempo que muitos de nós levamos para abastecer um carro a combustão hoje em dia.

Esse contraste é bem emblemático na corrida da mobilidade elétrica. Por um lado, estamos começando a entrar no jogo; por outro, a China já está redefinindo as regras.

Recentemente, um estudo chamado “Jornada de Compra de Veículos Eletrificados no Brasil” mostrou que a gente deve ultrapassar a marca de 1 milhão de veículos eletrificados até o final de 2026 ou começo de 2027. É uma ótima notícia e sinal de avanço, mas ainda é um caminho longo até chegarmos ao patamar chinês. Por lá, a conversa não é só sobre carros elétricos, mas sobre um verdadeiro ecossistema de mobilidade. Eles têm políticas públicas fortes, incentivos fiscais e uma rede de carregadores tão extensa que torna a vida de quem dirige um elétrico muito mais fácil.

O “futuro silencioso” já é presente — mas longe daqui

Conversando com o Thiago Castilha, diretor da E-Wolf, ele descreveu o Salão de Xangai 2025 como “uma viagem ao futuro silencioso”. O contraste é gritante: a poluição sonora e do ar é bem menor. De fato, as cidades chinesas foram transformadas pela eletrificação dos carros.

E não é só uma questão de números; eles têm até veículos anfíbios, que andam na terra e na água! Essa ousadia mostra que a inovação por lá vai além da quantidade de vendas. O que falta para nós aqui no Brasil é um planejamento estratégico consistente. Estamos só engatinhando nessa jornada.

Brasil: muito mercado, pouca infraestrutura

Enquanto muitos na China conseguem carregar 400 km em apenas cinco minutos, aqui os motoristas enfrentam dificuldades. Muitos ainda não têm como instalar um carregador em casa, se vêem perdidos em regras de condomínios e em prédios mais antigos.

As vendas de elétricos estão aumentando, especialmente entre quem vive nas grandes cidades e pode acessar carregadores. Mas, para alcançarmos os 1 milhão de veículos até 2027, precisamos que a infraestrutura avance junto. E, até agora, não vemos movimentações que indiquem que a coisa vai andar na velocidade necessária.

Thiago Castilha disse algo importante: enquanto a China já tem um ecossistema sólido, nosso avanço ainda é pontual. A cobertura de carga pública ainda é precária e mal distribuída. Embora existam iniciativas, como aquelas feitas por montadoras ou parcerias com shoppings, não temos uma política clara que torne a recarga tão acessível quanto abastecer um carro a combustão.

O gargalo do pós-venda e da cadeia reversa

Outro desafio que não podemos ignorar é a questão da reciclagem e da logística reversa das baterias. À medida que vendemos mais carros elétricos, também vai crescer a quantidade de baterias que precisam ser descartadas. Estamos longe de ter uma estrutura para reaproveitar esses componentes de forma eficaz.

Na China, a economia circular está avançando com reciclagem, reuso de materiais e integração de resíduos na cadeia produtiva. Aqui, esse debate ainda está engatinhando nas mesas de especialistas.

A ilusão da paridade com combustão

Um assunto muito falado por aqui é a “paridade de preços” entre veículos elétricos e a combustão, como se essa fosse a única barreira. Mas se a gente considerar o custo do carregamento, a rede de abastecimento e a manutenção, a vantagem dos elétricos realmente depende de uma infraestrutura que ainda não está clara para o consumidor brasileiro.

Embora novos modelos, como o BYD Dolphin Mini, estejam ajudando a popularizar a categoria, corre-se o risco de criar uma frota que não tenha suporte logístico por trás. E isso pode se tornar um problema num futuro próximo.

Quem não planejar, vai perder a próxima fase

O que vimos no Salão de Xangai 2025 foi muito mais do que um desfile de novidades. Essa é a segunda geração da mobilidade elétrica, com inovações como:

– Carregamento ultrarrápido
– Logística reversa bem estruturada
– Ecossistemas público-privados integrados
– Políticas governamentais robustas

O Brasil ainda tem tempo, mas é preciso agir rápido. As marcas que hoje dominam as vendas precisam investir não só em carros, mas também em resolver os problemas ao redor, como a infraestrutura.

Como sempre digo, carro elétrico não é só sobre a bateria; é um sistema completo. E quem não perceber isso pode perder a chance de surfar essa onda.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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