A moto de R$3 mil que pode te levar para a cadeia e ninguém te conta

A promessa é um verdadeiro canto da sereia para quem sonha em fugir do ônibus lotado: “Compre sua moto por apenas R$ 3.000 e ande por aí sem precisar de CNH!”. O anúncio, que infesta a internet e os classificados, vende a imagem de uma liberdade barata e sem burocracia.
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Contudo, por trás dessa oferta, se esconde uma mentira perigosa, uma armadilha que já fez milhares de brasileiros perderem dinheiro e que pode, literalmente, te levar para a cadeia.
A verdade chocante, que muitos vendedores mal-intencionados fazem questão de omitir, é que NÃO EXISTE moto que não precisa de habilitação no Brasil.
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A lei é clara, e o sonho da “cinquentinha” livre, leve e solta pode se transformar em um pesadelo com multa de quase R$ 1.000, apreensão do veículo e até um processo criminal por dirigir sem a devida permissão.
Mas, então, de onde vem essa confusão? Por que todo mundo acredita que pode pilotar uma Shineray ou uma Dafra “de boa”? Preparamos um dossiê para desmascarar de vez essa farsa e te mostrar o que a lei realmente exige para que você não caia no conto da moto “sem documento”.
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A grande mentira: a “cinquentinha” precisa, sim, de habilitação
Vamos direto ao ponto: para pilotar qualquer veículo de até 50 cilindradas (as famosas “cinquentinhas” ou ciclomotores), você precisa, obrigatoriamente, ter uma das duas coisas:
- A CNH na categoria A, a mesma para motos mais potentes.
- Ou a ACC (Autorização para Conduzir Ciclomotor).
A ACC é uma “mini-habilitação”, mais simples e barata que a CNH A, mas que ainda assim exige aulas teóricas, práticas e aprovação em exames no Detran. Pilotar um ciclomotor sem ter nem a CNH A nem a ACC é uma infração de trânsito gravíssima.
- Multa: R$ 880,41 (valor multiplicado por três).
- Pontos: 7 pontos na carteira (se você tiver uma de outra categoria).
- Consequência extra: Além da multa, você pode responder criminalmente por dirigir sem habilitação, gerando perigo de dano.
Veja mais: Lei sancionada garante CNH gratuita para baixa renda
A surpresa do emplacamento: o segundo golpe que ninguém te conta na moto
Como se não bastasse a mentira da habilitação, os vendedores ainda “esquecem” de um detalhe crucial: desde 2015, todo ciclomotor precisa ser registrado e emplacado no Detran, como qualquer outra moto ou carro. Isso significa que sua “cinquentinha” precisa ter placa e pagar o licenciamento anual.
Rodar sem esses documentos também resulta em multa e apreensão do veículo. A ideia de um transporte “livre de burocracia” é uma completa farsa.
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As “falsas livres”: as motos que estão no centro da polêmica
Apesar de exigirem habilitação e placa, as “cinquentinhas” são, de fato, uma opção de transporte muito econômica. O problema é a forma como são vendidas.
Os modelos mais populares, que estão no centro dessa confusão, são:
- Shineray New Super Smart 50: Com um visual clássico e bagageiros, é encontrada usada por cerca de R$ 3.000.
- Dafra Zig 50: Famosa pela economia (faz mais de 60 km/l), pode ser achada no mercado de usadas a partir de R$ 4.200.
- Shineray Jet 50S: Uma das mais vendidas entre as novas, com um design mais moderno e preço que se aproxima dos R$ 9.100.
Todas elas são excelentes para o dia a dia, desde que você, o piloto, esteja devidamente habilitado (com ACC ou CNH A) e com a documentação do veículo em dia. Não caia no papo do vendedor. A economia na compra pode se transformar em um prejuízo gigantesco na primeira blitz.
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