Carros como Kwid e Mobi superam R$ 80 mil e se tornam luxos no Brasil

Mensalmente, trazemos uma atualização com os preços dos carros zero quilômetro mais acessíveis no Brasil. É um duelo interessante entre a Renault e a Fiat, sempre marcando presença nesse segmento com modelos que buscam ser os campeões de custo. O Renault Kwid, com sua versão Zen, acaba de sofrer um reajuste, assim como o Fiat Mobi, que já havia mudado de preço há pouco. O novo valor do Kwid, a partir de R$ 80.690, o coloca na faixa dos R$ 80.000, um marco que deixa esses carros acessíveis cada vez mais longe da realidade financeira do consumidor comum.
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O Kwid vem recheado de itens de série: quatro airbags, ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos e até um painel digital. Isso sem contar o assistente de partida em rampas, que com certeza faz a diferença na hora da manobra. O motor 1.0 SCe traz uma potência de 71 cv com etanol e 68 cv com gasolina. Ah, e olha só, a economia é bem razoável: cerca de 15,3 km/l na cidade com gasolina e 10,8 km/l com etanol. É um carro que atende bem quem busca praticidade sem gastar muito em combustível.
Em quase dez anos, preço duplicou
Considerando o salário mínimo atual de R$ 1.518, são necessários cerca de 53,4 salários mínimos para levar um Fiat Mobi ou 53,1 para o Kwid. Para entender a evolução de preços, vamos comparar com os lançamentos. O Mobi, que começou custando R$ 35.800 em 2016, subiu para R$ 80.990 agora. Já o Kwid começou a R$ 34.990 em 2017 e agora está a R$ 80.690. O cenário mostra que esses preços dispararam, destoando do poder aquisitivo da maioria.A indústria automotiva vivenciou mudanças significativas desde os anos 90, mas as crises econômicas e novas exigências de segurança elevaram os custos de produção. Para complicar, a pandemia e a crise de insumos trouxeram pressões adicionais sobre os preços, fazendo com que a conta não fechasse para o consumidor.
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Preços subiram (bem) mais do que a inflação
O Mobi, por exemplo, quando foi lançado, tinha um preço inicial de R$ 31.900. Se corrigido pelo IPCA, o valor deveria hoje ser em torno de R$ 56.642. Entretanto, ele salta para R$ 80.990, um aumento real de mais de 126% — espantosa a diferença! E o mesmo pode ser dito para o Kwid: lançado a R$ 29.990, hoje custa R$ 80.690, uma alta de 130,5%. É como se o carro mais barato do Brasil, que deveria ser acessível, estivesse se distanciando cada vez mais do público que precisa dele.Com o salário mínimo em R$ 937, há cinco anos, um Mobi era acessível para 40,7 salários mínimos. Agora, são 53,4, ou seja, muitas pessoas teriam que trabalhar mais para realizar esse sonho.
Governo quer novo programa de incentivos, mas juros altos devem torná-lo paliativo
Recentemente, o governo anunciou um novo programa, o Carro Sustentável, que pretende dar um gás no mercado. Mas a verdade é que não há garantias de que os incentivos cheguem para o consumidor final. Eles visam apenas carros com motor 1.0 aspirado, eficiência energética e baixas emissões. E com os juros Selic lá em cima, a ideia pode se tornar mais um paliativo do que uma solução real.Assim, a expectativa é que essas mudanças, quando anunciadas, tragam um alívio apenas temporário. A verdadeira questão ainda persiste: como tornar os carros novos mais acessíveis de fato?
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