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O fim da terra de ninguém: sua postagem pode te complicar no STF

A internet, que por muito tempo pareceu um território livre e sem leis, está prestes a sofrer a sua maior reviravolta no Brasil. Aquela sensação de que era possível postar qualquer coisa sob o véu do anonimato ou da distância está com os dias contados.

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Uma decisão bombástica do Supremo Tribunal Federal (STF) acaba de redesenhar as regras do jogo, mas o que isso significa para você, usuário comum? A verdade é que o impacto será direto e muito mais profundo do que se imagina.

Grandes empresas como Meta (dona do Facebook e Instagram) e Google (dona do YouTube) sempre se ampararam em uma lei, o Marco Civil da Internet, para se isentarem da responsabilidade pelo que você posta. A regra era clara: sem uma ordem judicial, nada precisava ser apagado.

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Contudo, esse escudo protetor acaba de ser quebrado, e as plataformas agora estão na mira da justiça de uma forma inédita, transformando completamente a dinâmica do que vemos e compartilhamos online.

A mudança é tão significativa que coloca as redes sociais em uma posição delicada, forçando-as a serem muito mais proativas. Elas não poderão mais simplesmente ignorar o conteúdo que circula em seus domínios.

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Mas a grande questão que fica no ar é: o que, exatamente, muda na sua vida a partir de agora? A resposta está nos detalhes de uma decisão que promete colocar fogo no parquinho digital.

A guilhotina digital: quando seu post será apagado?

A nova diretriz do STF é clara: a obrigação de remover conteúdo ilegal não dependerá mais exclusivamente de uma ordem de um juiz. Isso representa uma virada de 180 graus na interpretação do artigo 19 do Marco Civil.

A partir de agora, as plataformas serão responsabilizadas diretamente se não agirem em situações específicas, criando três cenários principais para a exclusão de posts.

A remoção deverá acontecer de formas diferentes, dependendo da gravidade e da clareza da ilegalidade do conteúdo. Em alguns casos, uma simples notificação extrajudicial será o suficiente para fazer um post desaparecer.

Em outros, a própria plataforma terá o dever de identificar e remover o conteúdo por conta própria, mas é o terceiro cenário que sela o destino de milhares de publicações.

Veja mais: Decisão do STF sobre Marco Civil da Internet é explicada

A nova era da responsabilidade online

Com a decisão do STF, que tem repercussão geral e deverá ser seguida por todos os tribunais do país, as big techs terão que se adaptar ou enfrentar as consequências.

A tese firmada pelo Supremo estabelece que as plataformas serão responsabilizadas civilmente por conteúdos que não removerem quando for evidente a sua ilegalidade. Isso inclui, por exemplo:

  • Conteúdos que violam direitos autorais: Se um detentor de direitos notificar a plataforma.
  • Intimidade e imagens de nudez: Publicações de conteúdo íntimo sem consentimento.
  • Discursos de ódio e antidemocráticos: Posts que incitem violência, preconceito ou atentem contra o Estado Democrático de Direito.

Ainda que a decisão final aguarde publicação e possíveis recursos, o recado foi dado. As empresas terão um prazo, a ser definido, para se adequarem a essa nova e rigorosa realidade.

Veja mais: Adolescentes carecem de apoio para enfrentar redes sociais, aponta pesquisa – Especiais

O que acontece se nada for feito?

A grande virada é que a omissão agora tem um preço. Se uma plataforma for notificada sobre um conteúdo claramente ilegal e não o remover, ela poderá ser processada e condenada a pagar indenizações juntamente com o autor do post.

Antes, a vítima precisava processar apenas o usuário, mas agora a empresa que hospedou o conteúdo entra na dança.

Essa mudança de paradigma força as redes a abandonarem a passividade e a se tornarem moderadoras muito mais ativas, alterando para sempre o ecossistema da internet brasileira. O tempo de se esconder atrás de termos de uso vagos acabou.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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