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Toda vez que você faz isso, você alimenta o monstro do telemarketing

A cena é um clássico do inferno moderno. Você está no meio de uma reunião importante, de uma conversa séria ou de um raro momento de paz. E então, seu celular toca. Um número desconhecido de um DDD aleatório de São Paulo, do Paraná, de Goiás. Seu sangue já ferve. Você sabe que não é ninguém que você conhece. É ele. O monstro do telemarketing.

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Sua reação é imediata, quase um reflexo de legítima defesa. Você atende e, ao ouvir a voz de um robô ou de um operador, desliga na cara com um prazer sádico.

Ou, mais prático ainda, recusa a chamada antes mesmo de atender. É uma pequena vitória, um ato de rebeldia contra o sistema que insiste em te perturbar.

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Mas, e se eu te dissesse que esse seu ato de rebeldia é, na verdade, o que está alimentando o monstro? E que, ao desligar na cara, você está, sem saber, enviando uma mensagem para o robô que diz: “oi, este número existe, está ativo e a pessoa atende, pode me ligar de novo amanhã”? A sua estratégia de defesa, meu caro, pode ser a principal causa da sua tortura.

A ‘mente’ do robô: por que desligar na cara é um convite para mais ligações

Para vencer a guerra, você precisa entender como o inimigo pensa. E o inimigo, neste caso, é um sistema de discagem automatizado, uma inteligência artificial cujo único objetivo é encontrar “leads quentes”, ou seja, números de telefone que sejam válidos e que pertençam a pessoas reais.

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Quando você desliga a chamada abruptamente, o sistema não interpreta isso como “não me ligue mais”. Ele interpreta como:

  1. Número Válido: A chamada foi completada e alguém do outro lado interagiu (desligando), então o número funciona.
  2. Usuário Ocupado: A pessoa provavelmente desligou porque não podia falar naquele momento.

O resultado? Seu número é marcado no sistema como um alvo de alta qualidade e volta para a fila de discagem, para ser importunado novamente em outro horário. Ao desligar, você está confirmando para o monstro que você existe.

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A ‘arte’ da indiferença: a tática que confunde o robô

Se desligar é o que alimenta o monstro, o que o mata de fome? A indiferença. A melhor estratégia para se livrar das chamadas de spam é fazer o robô pensar que seu número é inútil.

  • Tática 1 (A mais eficaz): Deixe tocar. Se for um número desconhecido e suspeito, simplesmente não atenda. Deixe tocar até cair na caixa postal. Para muitos sistemas de discagem, um número que nunca atende se torna um “lead frio” e, com o tempo, pode ser removido da lista.
  • Tática 2 (O atendimento silencioso): Se você atender por engano, não fale nada. Apenas fique em silêncio. Muitos desses sistemas são ativados por voz. Se eles não detectam um “alô” ou qualquer som humano nos primeiros segundos, a chamada é automaticamente desligada e o número pode ser classificado como inválido ou como uma secretária eletrônica.

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A ‘regra de ouro’: nunca, jamais, interaja com o inimigo

Esta é a dica de segurança mais importante de todas. Se você atender e perceber que se trata de uma chamada de spam ou de um possível golpe, NUNCA, JAMAIS, INTERAJA.

  • Não diga “Alô?”.
  • Não diga “Sim?”.
  • Não diga “Não”.
  • E, obviamente, nunca confirme seus dados pessoais.

Qualquer interação de voz, especialmente um “sim”, pode ser gravada e usada por golpistas para fraudes. Ao interagir, você não só confirma que o número é seu, como se torna um alvo prioritário. A melhor defesa, portanto, é o silêncio.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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