Final da novela ‘Garota do Momento’ conquista público

Este ano tem sido marcado pelo sucesso das novelas na televisão brasileira. Entre as produções que se destacaram, estão “Beleza Fatal” e “Guerreiros do Sol”. Recentemente, terminou “Garota do Momento”, uma trama que se passa nos anos 50 e apresenta a história de Beatriz, uma jovem negra que trabalha como garota-propaganda, interpretada por Duda Santos. Essa novela foi considerada uma das melhores do horário das 18h na última década, ao lado de “Além do Tempo” e “Mar do Sertão”.
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A autora Alessandra Poggi propôs uma busca por um novo olhar sobre o passado do Brasil, utilizando elementos fantasiosos para refletir sobre o futuro. Inspirada na série britânica “Bridgerton”, “Garota do Momento” imaginou um Brasil de 1958 com representações inovadoras, como uma apresentadora de TV que termina com seu próprio programa de entrevistas voltado para empreendedoras e um filme em homenagem ao orixá Exu, figuras importantes do candomblé e da umbanda.
O último capítulo da novela não teve grandes surpresas, mas fechou a história de maneira eficaz. A narrativa manteve um equilíbrio entre leveza e momentos dramáticos. Um dos recursos narrativos usados por Poggi foi a amnésia da personagem Clarice, mãe de Beatriz. Essa linha da trama se entrelaçou com a maldade dos vilões, Maristela e Juliano, que tiveram seu castigo. Juliano foi preso, enquanto Maristela enfrentou as consequências de suas ações ao sofrer um acidente semelhante ao de Clarice no início da história. A jovem vilã Bia, filha de Juliano, também cumpriu pena antes de encontrar um final feliz ao lado de Ronaldo.
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Outra cena marcante foi a de um apresentador de programa de auditório, Alfredo Honório, interpretado por Eduardo Sterblitch, que fez uma homenagem a ícones da TV brasileira. Durante uma transmissão ao vivo, ele presenciou o parto de sua esposa Anita, o que serviu de inspiração para sua ideia de criar um reality show, semelhante ao que veio a ser popular várias décadas depois. A novela retratou bem como a televisão começou a formar a cultura popular no Brasil durante os anos 50.
Um dos destaques foi o casamento de Beatriz com Beto, onde a cerimônia seguiu um rito católico, mas a noiva incorporou elementos de mitologias africanas. Essa cena representa um sincretismo religioso que existe no Brasil, mas que enfrenta diversas formas de intolerância.
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No final, imagens de conquistas das minorias nos últimos 50 anos foram exibidas, lembrando momentos importantes como a aprovação da lei do divórcio em 1977, a criminalização do racismo em 1989, a criação das cotas nas universidades, o aumento das penas para violência doméstica em 2006 e a legalização do casamento homoafetivo em 2013. Beatriz se despediu como uma verdadeira “garota do futuro”.
A novela também foi marcada pela atuação de seu elenco. Carol Castro se destacou como Clarice, um dos melhores papéis de sua carreira. Duda Santos solidificou sua imagem como uma grande estrela da Globo, e outras atuações de Palomma Duarte, Letícia Colin, Danton Mello e Eduardo Sterblitch foram igualmente elogiadas. Maysa Silva, Cauê Campos e João Vitor Silva também mostraram talento promissor.
O talento da autora Alessandra Poggi foi reconhecido, e muitos sugerem que seria interessante vê-la escrever uma novela para o horário nobre das 21h. A permanência de Poggi no horário das 18h seria uma vantagem para as produções desse horário, que só têm a crescer com seu trabalho.
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