Sua família te enganou a vida inteira entre julho e setembro: o medo era gripe

A cena está gravada na memória de todo brasileiro. Você, criança, correndo pela casa, descalço. E então, a voz que é uma mistura de amor e autoridade ecoa pela sala: “Menino(a), vai pegar uma gripe! Coloca um chinelo nesse pé gelado!”. A ordem era clara, e a lógica, irrefutável: pisar no chão frio causa gripe.
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Nós crescemos com essa “verdade” absoluta. Passamos a vida evitando o chão gelado, tomando cuidado com o “golpe de ar” e nos agasalhando até o último fio de cabelo para não ficarmos doentes.
Afinal, a sabedoria das nossas avós é inquestionável, e a experiência parece comprovar: é no inverno, quando as temperaturas caem, que os casos de gripe e resfriado explodem.
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Mas, e se eu te dissesse que essa crença, esse conselho que sua avó te deu com tanto carinho e preocupação, é uma das maiores mentiras da sabedoria popular?
E que a ciência já provou, sem nenhuma sombra de dúvida, que o seu pé gelado não tem absolutamente nenhum poder de te deixar gripado? Prepare-se, pois o verdadeiro culpado pela sua doença de inverno é outro, um inimigo invisível que se aproveita do frio, mas que não é o frio.
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Os ‘assassinos’ invisíveis: os vírus, e não o frio, são os verdadeiros culpados
Vamos direto ao ponto e sem rodeios. Você não pega gripe por causa do frio. Você pega gripe por causa de um vírus chamado Influenza. Da mesma forma, você não pega um resfriado por causa do vento. Você pega um resfriado por causa de outros vírus, principalmente o Rinovírus. Essas doenças são infecções.
E, para que uma infecção aconteça, você precisa, obrigatoriamente, ter contato com o agente infeccioso, ou seja, o vírus. O frio, por si só, não tem a capacidade de criar um vírus do nada. É um fato científico.
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Mas então, por que ficamos mais doentes no inverno? A ‘armação’ do frio
É aqui que o mistério se resolve e entendemos por que nossas avós fizeram essa conexão. O frio não é o assassino, mas ele é o cúmplice perfeito. Ele cria o cenário ideal para que os vírus façam a festa e se espalhem com muito mais facilidade.
- Aglomerados em ambientes fechados: No frio, o que a gente faz? Fecha todas as janelas e se junta em ambientes com pouca circulação de ar. Se uma única pessoa gripada estiver nesse ambiente, ela vai liberar o vírus ao falar ou tossir, e todos os outros no mesmo cômodo terão uma chance altíssima de respirar esse vírus.
- Ar mais seco: O ar frio do inverno é mais seco. E isso é ótimo para os vírus, que sobrevivem por mais tempo nessas condições. Além disso, o ar seco também resseca as mucosas do nosso nariz, que são nossa primeira barreira de defesa, deixando-as mais frágeis e vulneráveis à entrada dos invasores.
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O ‘escudo’ de verdade: como se proteger dos vírus (e não do chão frio)
Agora que sabemos quem é o verdadeiro inimigo, a estratégia de defesa muda completamente. O seu foco não deve ser em aquecer os pés, mas em bloquear a entrada dos vírus.
- Lave as mãos: A arma mais poderosa e barata. O contato das mãos com o rosto é uma das principais formas de contágio.
- Mantenha os ambientes arejados: A vó estava errada sobre o chão, mas certa sobre o “ar circulando”. Abra as janelas, mesmo no frio, para renovar o ar e diminuir a concentração de vírus.
- Umidifique o ar: A dica de colocar uma bacia com água ou uma toalha molhada no quarto é excelente para manter as vias aéreas hidratadas e mais protegidas.
- Fortaleça a imunidade: Uma alimentação saudável e uma boa hidratação deixam seu sistema imunológico mais forte para lutar contra os vírus, caso eles consigam entrar.
No fim das contas, sua avó te amava e queria te proteger. E se agasalhar é ótimo para o conforto. Mas, na guerra contra a gripe, o inimigo não está no chão, mas no ar que respiramos.
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