Palestino relata dia a dia na Cisjordânia sob domínio israelense

Entrevista revela a realidade dos palestinos na Cisjordânia
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Ahmed, um palestino que se encontra fora da Cisjordânia, compartilhou sua experiência sobre a difícil situação que os cidadãos enfrentam sob ocupação israelense. Ele comentou sobre as detenções arbitrárias e as constantes restrições que marcam a vida diária dos palestinos na região.
Para conseguir embarcar em um voo para o Brasil, Ahmed teve que sair dois dias antes, percorrendo cerca de 60 km. O único caminho que leva à Jordânia passa por vários postos de controle israelenses, que têm se tornado mais frequentes desde o dia 7 de outubro de 2023. Além disso, ele menciona a desapropriação de terras e a demolição de casas perpetradas pelo exército israelense como parte da pressão crescente sobre os palestinos.
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Desde a trégua entre Israel e Hamas em janeiro, a situação na Cisjordânia se agravou. Ahmed afirma que o governo israelense intensificou as medidas de controle após a liberação de muitos prisioneiros palestinos. Essa pressão tem como objetivo sufocar expressões de comemoração dos direitos palestinos.
Aumenta a violência e os pontos de controle
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Desde 7 de outubro, as vidas dos palestinos têm se tornado mais difíceis. Ele menciona um aumento no número de demolições de casas e na confisco de terras, com cerca de mil postos de controle e barreiras. Cada uma dessas barreiras é vigiada por soldados israelenses, que frequentemente fecham o acesso, isolando vilarejos inteiros. Esse ambiente propício à violência faz com que os israelenses se sintam mais à vontade em atacar os palestinos e tomar suas terras.
Em resposta ao reconhecimento internacional da Palestina, o governo israelense anunciou a construção de 22 novos assentamentos, uma ação que Ahmed vê como uma provocação. Ele ressalta que a criação desses assentamentos não apenas rouba terras, mas também dificulta cada vez mais as perspectivas de uma solução de dois Estados, a qual ele considera cada vez mais inviável.
Cotidiano sob ocupação
Ahmed vive em uma área central da Cisjordânia, cercada por assentamentos que cortam a conectividade entre vilarejos palestinos. Com apenas um ponto de saída, uma barreira militar controlada por poucos soldados, a rotina diária se tornou um desafio. O caminho para a cidade, normalmente de 12 km, se transforma em uma jornada de 30 km devido à necessidade de evitar as áreas controladas por israelenses.
A vida para os palestinos que dependem da agricultura, como ele, piorou desde as novas restrições implementadas após a última trégua. A falta de água e a impossibilidade de acessar suas terras tornam a produção de alimentos cada vez mais difícil.
Mudanças forçadas e opções de migração
Quando questionado sobre a possibilidade de deixar sua terra, Ahmed disse que ele não planeja sair, mas muitos palestinos enfrentam essa decisão diariamente. As demolições de casas como forma de punição coletiva aumentaram, e muitos são expulsos de suas residências sem aviso prévio. Esses eventos forçam famílias inteiras a procurar abrigo em outras áreas, tornando-se nômades em suas próprias terras.
Desafios da vida agrícola e água em escassez
A produção agrícola na Cisjordânia, especialmente na região central, se concentra em azeitonas e uvas, mas a escassez de água, controlada em 85% por Israel, compromete seriamente essa atividade. Em média, os colonos israelenses consomem seis vezes mais água do que os palestinos.
Despedida da Cisjordânia: dificuldades na viagem
O trajeto de Jericó, onde o acesso à Jordânia é restrito, é extremamente complicado, com horários de passagem limitados e imprevisíveis. As dificuldades na travessia da fronteira exigem que Ahmed saia com antecedência para garantir que não perca seu voo.
Arrestos em massa e impunidade
Desde 7 de outubro, mais de 12 mil palestinos foram detidos. O que preocupa Ahmed é a detenção administrativa, onde as pessoas podem ser mantidas presas sem acusação formal, baseada apenas na avaliação da segurança. Ele fala sobre a incerteza e o medo que essas detenções criam, afirmando que muitos são presos por falarem com jornalistas ou expressarem críticas.
Ele também critica a impunidade dos colonos israelenses que, segundo ele, cometem crimes diariamente sem enfrentar consequências, enquanto os palestinos são severamente punidos por ações muito menos graves.
Ahmed conclui enfatizando a necessidade de que a comunidade internacional responsabilize os cidadãos por suas ações, ressaltando que a paz requer um compromisso coletivo.
Nota: Ahmed é um nome fictício usado para proteger a identidade do relato.
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