A doença do sucesso e a loja que faliu porque o povo quer beber

A notícia parece não fazer o menor sentido. A The Beer Store, uma gigante do varejo de bebidas, uma rede de lojas famosa e tradicional, anunciou que vai fechar as portas de 35 de suas unidades até agosto. A cena é de crise: demissões em massa, descontentamento dos trabalhadores e o fim de uma era para muitos consumidores.
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A primeira conclusão que vem à mente de qualquer um é a mais lógica e óbvia: “claro, as pessoas estão mais saudáveis, estão bebendo menos, o mercado de cerveja está em crise”. É o roteiro que já vimos acontecer com videolocadoras e lojas de CDs.
Mas, e se eu te dissesse que essa lógica está completamente errada? E se a The Beer Store estivesse “falindo” não porque as pessoas pararam de beber, mas porque elas querem beber ainda mais, e em mais lugares?
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Prepare-se, pois esta é a história bizarra de como o sucesso e a popularização de um produto se transformaram em uma “doença” fatal para um de seus principais vendedores.
O ‘liberou geral’: a lei que transformou cada esquina em um bar
O epicentro desse terremoto comercial aconteceu em Ontário, no Canadá, e o culpado foi o próprio governo.
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No ano passado, em uma medida para liberalizar o mercado, o governo local mudou a lei e permitiu que supermercados e lojas de conveniência passassem a vender cerveja e outras bebidas alcoólicas, algo que antes era restrito a lojas especializadas, como a The Beer Store.
O que era para ser uma festa para o consumidor, virou um pesadelo para a concorrência. A porteira foi aberta, e o mercado virou uma “terra de ninguém”.
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A ‘morte’ do especialista: por que a concorrência virou um veneno?
A The Beer Store, como o nome diz, é uma loja especialista em cerveja. Seu modelo de negócio sempre se baseou na ideia de que, para comprar cerveja, o consumidor precisava ir até uma de suas unidades. Era um destino certo.
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Mas, com a nova lei, tudo mudou. Por que um consumidor faria uma viagem extra até uma loja da The Beer Store se ele agora pode comprar sua cerveja junto com o pão, o leite e o jornal na loja de conveniência da esquina ou no supermercado onde já faz suas compras?
A praticidade e a conveniência da nova e massiva concorrência se tornaram um veneno para o modelo de negócio da antiga especialista.
A ‘dança das cadeiras’: o fechamento de 35 lojas e a estratégia de sobrevivência
Diante desse novo cenário, a empresa não teve outra escolha a não ser se adaptar para não morrer. Segundo o vice-presidente de varejo, Ozzie Ahmed, a companhia precisa ajustar suas operações para continuar relevante. O resultado é um doloroso, mas estratégico, plano de reestruturação.
- O Plano: Fechar as 35 lojas que se tornaram menos lucrativas após a chegada da nova concorrência.
- O Calendário: Os fechamentos já estão acontecendo, com as datas finais marcadas para 6 e 20 de julho, e a última leva em 10 de agosto.
Não se trata, portanto, de uma falência completa, mas de uma “dança das cadeiras”, um encolhimento forçado para tentar sobreviver em um mercado que, ironicamente, nunca esteve tão aquecido. É a prova de que, no mundo dos negócios, até o sucesso pode ser perigoso.
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