Seu pão de forma e o suco tem álcool e pode te fazer perder a CNH

No Brasil, nós aprendemos a temer a blitz da Lei Seca. A regra é clara, dura e não perdoa: tolerância zero. Se beber, não dirija. Uma única gota de álcool no bafômetro já é o suficiente para gerar uma multa pesadíssima, a perda da carteira de motorista e uma dor de cabeça monumental.

E, apesar da rigidez, a maioria de nós aceita, pois a lei, de fato, ajudou a diminuir os acidentes causados por motoristas embriagados.

Mas, o que nos diferencia do resto do mundo é justamente essa tolerância zero. Em países como Estados Unidos, França, Alemanha e Espanha, existe uma margem de segurança. Um limite que permite que uma pessoa beba uma taça de vinho no jantar ou um copo de cerveja com os amigos sem se tornar um criminoso.

Um limite que, segundo a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), não afeta a capacidade de dirigir.

E se eu te dissesse que a nossa lei, na sua busca obsessiva pelo “zero”, criou uma armadilha perigosa e silenciosa? E se você pudesse ser pego na blitz, ser humilhado, multado e perder sua CNH mesmo sem ter chegado perto de uma bebida alcoólica?

Prepare-se, pois um estudo recente revelou que o vilão desta história pode estar no seu sanduíche do café da manhã.

O inimigo oculto no seu café da manhã

A bomba foi revelada por um teste da Proteste, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Ao analisar diversas marcas de pão de forma vendidas nos supermercados, eles descobriram algo chocante: várias delas contêm uma quantidade relevante de álcool em sua composição, usado como conservante.

Esse álcool, embora não deixe ninguém bêbado, é mais do que suficiente para ser detectado por um bafômetro, o aparelho que a polícia usa na blitz. Ou seja, você pode comer um simples misto-quente e, se for parado logo em seguida, o resultado do teste pode dar positivo.

A lista de ‘traidores’ que te acusam no bafômetro

E o pão de forma não está sozinho nesta conspiração contra os motoristas. Existem vários outros alimentos e bebidas do dia a dia, completamente inocentes, que podem te transformar em um “falso positivo” no teste do bafômetro. A lista de “traidores” inclui:

• Suco de uva integral: A fermentação natural da fruta pode gerar um pequeno teor alcoólico.
• Frutas muito maduras: Uma banana ou uma maçã que já passaram um pouco do ponto também podem fermentar e produzir álcool.
• Kombucha: A popular bebida fermentada à base de chá.
• Enxaguante bucal: Muitos dos produtos mais famosos do mercado têm álcool em sua fórmula. Um bochecho antes de sair de casa pode te colocar em uma grande enrascada.

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A solução para a injustiça: por que ‘tolerância zero’ é o problema?

Diante disso, a pergunta é inevitável: quantas pessoas já foram punidas injustamente por terem comido um sanduíche ou tomado um suco de uva? A solução para esse problema absurdo, segundo especialistas, não é acabar com a fiscalização, mas sim tornar a lei mais inteligente.

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O problema não é a blitz, é a tolerância zero. Se o Brasil adotasse o mesmo limite que a OMS e a maioria dos países desenvolvidos consideram seguro — algo em torno de 0,5 g/L —, a lei continuaria punindo com rigor os verdadeiros motoristas embriagados, mas deixaria de criar essas situações de injustiça bizarra, onde um simples pão de forma pode destruir a vida de um cidadão inocente.