Grupos de corrida gratuitos atraem diversas tribos sociais

Nos últimos anos, as ruas da Zona Sul do Rio de Janeiro experimentaram uma mudança significativa. O ambiente, que antes era dominado por corridas focadas em desempenho e treinamento rigoroso, agora se transforma em um espaço de encontro e celebração, principalmente por meio das chamadas “running crews”. Essas novas comunidades de corredores têm atraído pessoas de diversas idades e históricos, que buscam não apenas a saúde física, mas também um senso de pertencimento.
As equipes de corrida, ou crews, promovem treinos que vão além das tradicionais planilhas. Cada grupo desenvolve uma identidade única, com estilos específicos, músicas personalizadas e rotas que misturam o urbano com experiências emocionais e artísticas. Elas ocupam as ciclovias e as avenidas da cidade, criando um ambiente animado, que muitas vezes inclui até coreografias durante os treinos.
Um dos fundadores de uma dessas crews, Matheus Coutinho, começou a correr em 2019 e, inspirando-se em sua experiência na Maratona de Berlim, decidiu criar um grupo que fosse acolhedor e voltado para o coletivo. Desde sua fundação, a Marun, seu grupo, organizou 52 encontros em um ano, sempre priorizando o aspecto social da corrida. As corridas, que duram entre três e cinco quilômetros, acontecem duas vezes por semana, saindo da Lagoa, e incluem também encontros informais em bares e restaurantes.
Essas crews se tornaram um importante movimento cultural nas cidades brasileiras, misturando corridas com meditação e celebrando heranças culturais. Além disso, a dinâmica de cada grupo é horizontal; não existem treinadores, mas líderes que guiam os treinos e promovem a interação entre os participantes. A ideia central é que todos são bem-vindos, independentemente de seu nível de experiência ou condicionamento físico.
Entre novos corredores, a interação social é um aspecto importante. Nina Marques, uma das novas integrantes, afirmou que correr em grupo facilita a prática e proporciona um ambiente de diversão e interação, essencial para quem está começando.
O 5am Running Club, por exemplo, realiza encontros aos domingos e terças, promovendo uma experiência sociável onde os participantes celebram as conquistas ao final das corridas. A comunicação do grupo é feita por meio de redes sociais, permitindo que membros organizem treinos e compartilhem suas experiências.
A corrida também se tornou um símbolo de estilo de vida, com acessórios como tênis e relógios esportivos vivendo um novo status. Em encontros informais, a “meia azul” se tornou um sinal entre os corredores solteiros que buscam novas conexões. Além disso, o conceito de “pace fofoca” se popularizou, onde corredores trocam histórias e experiências, tornando o treino mais leve e divertido.
O movimento de corrida nas ruas do Rio reflete um desejo coletivo de bem-estar e conexão. Com treinos inclusivos, esses grupos não apenas promovem a atividade física, mas criam um espaço acolhedor que valoriza as relações humanas. O intuito é proporcionar que todos os integrantes se sintam parte de uma comunidade, onde a corrida é mais do que apenas um exercício, mas uma forma de viver com mais propósito e conexão social.