Pastel na justiça? trabalhador tenta cobrar lanche e leva BRONCA de juiz

Às vezes, a Justiça brasileira se depara com situações que beiram o cômico — mas que, no fundo, revelam algo sério. Foi o que aconteceu em Navegantes (SC), quando um trabalhador entrou com uma ação contra a empresa em que atuava, questionando descontos em sua folha de pagamento.
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O detalhe curioso? Entre os itens reclamados, estavam o valor de uma Coca-Cola e um pastel consumido na lanchonete da fábrica. A situação inusitada chamou a atenção não apenas do juiz responsável pelo caso, mas também de quem acompanhou o processo.
No fim das contas, ninguém saiu ganhando — e o trabalhador, junto com seu advogado, acabou levando um “puxão de orelha” do magistrado. O caso, apesar de inusitado, traz reflexões importantes sobre o bom senso no uso da Justiça.
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O caso: quando o pastel virou prova judicial
A ação trabalhista foi movida contra uma empresa de pescados de Navegantes. O trabalhador alegava que teria sofrido descontos indevidos no contracheque, entre eles, de uma Coca-Cola de 310 ml e um pastel de carne consumidos na própria empresa. Ele esperava reaver os valores através da Justiça.
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Durante o julgamento, no entanto, vieram à tona as notas fiscais que comprovavam o consumo dos itens. Além disso, os demais descontos questionados – como o adiantamento salarial e a contribuição sindical – estavam dentro do que a legislação permite.
Diante dessas evidências, o juiz Daniel Lisbôa decidiu julgar o processo improcedente. Ou seja, não houve devolução de nenhum valor, uma vez que todos os descontos estavam justificados e devidamente registrados.
Apesar disso, o magistrado não aplicou multa por má-fé, reconhecendo que o trabalhador exerceu seu direito de buscar o Judiciário. Mas isso não o impediu de deixar um recado claro para o autor da ação – e, especialmente, para seu advogado.
O recado do juiz: ética e bom senso precisam prevalecer
Na sentença, o juiz aproveitou para fazer um alerta direto ao advogado do caso. Pediu o que chamou de “filtro de razoabilidade”, destacando que acionar o Judiciário por valores irrisórios e devidos demonstra falta de ética profissional.
Segundo Lisbôa, “movimentar o Judiciário para reclamar do desconto de um adiantamento que sabe que recebeu, e de um pastel de carne e uma Coca-Cola 310ml que, ao que tudo indica, consumiu, exige firme revisão de postura ética”. A frase repercutiu e se tornou o ponto central da decisão.
O magistrado ainda ponderou que, embora o trabalhador tenha agido dentro do seu direito constitucional, é papel dos advogados orientar melhor seus clientes — inclusive para evitar o uso indevido da máquina pública.
O caso, apesar de aparentemente trivial, levanta uma discussão mais profunda: até onde vai o direito de ação, e onde começa a responsabilidade de quem o utiliza?
O que esse caso ensina sobre ações judiciais
Situações como essa mostram que o Judiciário não é um balcão de reclamações automáticas, e sim uma instituição que exige responsabilidade. Processos devem ser pautados em fundamentos consistentes, não em desconfortos passageiros ou tentativas de reverter o óbvio.
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O uso da Justiça de forma desmedida sobrecarrega o sistema, prejudica outros casos e consome recursos públicos. O tempo e estrutura usados para julgar um pastel e uma Coca poderiam estar sendo aplicados em causas realmente urgentes.
Além disso, o episódio evidencia a importância da atuação ética dos advogados. É papel do profissional filtrar as demandas, orientar o cliente com base na legalidade e, principalmente, no bom senso.
No fim das contas, essa história inusitada deixa uma lição clara: não basta ter razão para acionar a Justiça — é preciso ter coerência, responsabilidade e respeito pelo sistema ao qual se recorre.
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