O estado do Acre está se preparando para realizar os primeiros transplantes ósseos, com início programado para junho de 2025. A informação foi divulgada pelo médico ortopedista Cézar Marquezini, em uma entrevista recente. Ele destacou que esse procedimento marca um passo inovador na medicina ortopédica na região.
Marquezini, que está no Acre desde 2002, é um dos responsáveis por trazer essa técnica ao estado, em colaboração com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), localizado no Rio de Janeiro. Segundo ele, o procedimento será viabilizado com o envio de tecido ósseo processado, que será armazenado em um ultrafreezer na Fundação Flaviano Melo. Esse equipamento, doado pela Uninorte, permite que o material seja mantido a uma temperatura de -80ºC por até três meses. A primeira cirurgia está marcada para o dia 3 de junho e atenderá pacientes com perdas ósseas significativas, como nas tíbias e úmeros, frequentemente causadas por acidentes ou tumores.
O transplante ósseo é indicado em casos em que o enxerto do próprio paciente não é suficiente. Marquezini explicou que, em falhas ósseas menores, é possível utilizar material retirado da bacia do paciente, mas para perdas mais extensas, é necessário recorrer a doações de tecido ósseo de indivíduos falecidos. Um ponto a ser destacado é que, diferente de órgãos como rins ou fígados, o tecido ósseo não requer compatibilidade genética, facilitando assim o processo de transplante. A captação de ossos pode ser realizada até seis horas após a morte, sem a necessidade de que a pessoa tenha sofrido morte encefálica, semelhante à doação de córneas.
Além do avanço em transplantes ósseos, Marquezini também abordou o aumento de problemas ortopédicos relacionados ao sedentarismo na população. Ele alertou que a falta de atividade física e posturas inadequadas levam a dores e lesões musculoesqueléticas. De acordo com o médico, mais de 70% dos atendimentos ortopédicos em prontos-socorros são relacionados a dores nas costas, muitas vezes causadas por fraqueza muscular. Marquezini reforçou que é fundamental fortalecer a musculatura que protege a coluna para evitar essas dores.
O especialista também mencionou condições como a fascite plantar e o esporão de calcâneo, que são comuns em pessoas que têm pé cavo ou utilizam calçados inadequados. O tratamento para essas condições pode envolver o uso de palmilhas, fisioterapia e, em alguns casos, terapias especializadas. Ele observou que o sobrepeso pode piorar essas situações, uma vez que cada quilo extra sobrecarrega os joelhos em até 12 quilos durante saltos.
Marquezini, que também é professor na Uninorte e preceptor da residência médica em ortopedia no Acre, enfatizou a importância de manter hábitos saudáveis para envelhecer com qualidade. Ele sugeriu que não é necessário realizar atividades físicas extremas; uma simples caminhada ou aulas de hidroginástica pode trazer benefícios significativos. O equilíbrio entre corpo e mente é, segundo ele, essencial para uma vida saudável.
O especialista elogiou a Fundação Flaviano Melo, onde os transplantes serão realizados, e comentou sobre o suporte recebendo da Secretaria de Saúde. Duas pessoas já foram selecionadas para os primeiros procedimentos que se aproximam da data de realização.
