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Distribuidores e postos aumentam margem de lucro sem repassar cortes da Petrobras

A Petrobras anunciou uma redução de 9% no preço da gasolina que vende a distribuidores desde o início de janeiro de 2023, quando Luiz Inácio Lula da Silva voltou à presidência. Apesar dessa queda, o preço médio do litro da gasolina nas bombas subiu 26% no mesmo período, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Esse aumento no preço final pode ser atribuído, em parte, ao crescimento da margem de lucro das distribuidoras e dos postos de combustíveis, que subiu pelo menos 10% desde janeiro, conforme dados do Ministério de Minas e Energia (MME) apresentados pelo economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps). A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou essa situação em uma declaração recente, sugerindo que os consumidores questionem os proprietários dos postos sobre a alta nos preços.

Ela lembrou que, durante o governo anterior, a Petrobras perdeu parte de seu papel no mercado de distribuição e revenda de combustíveis, o que permitiu que o setor privado tivesse maior controle sobre os preços. Isso contribuiu para a elevação nos custos que os consumidores enfrentam nas bombas, mesmo com a redução dos preços nos postos.

Mudanças no Mercado de Combustíveis

A Petrobras tinha uma função completa antes de 2019, incluindo a distribuição de combustíveis, mas passou a privatizar sua participação, começando pela BR Distribuidora, que se tornou Vibra. Essa mudança ocorreu em duas etapas: em 2019 e 2021, ambos durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro. Outro ativo, a Liquigás, também foi privatizada, em 2020.

Dantas observa que essas privatizações tiveram um impacto significativo nas margens de lucratividade nos setores de distribuição de gasolina e gás. Desde 2019, a margem de lucro para distribuidoras e postos de gasolina aumentou 43%. Em números, isso significa que, enquanto em 2019 as distribuidoras lucravam R$ 0,73 por litro vendido, esse valor subiu para cerca de R$ 1,06 atualmente. Para o gás, o aumento da margem foi ainda maior, ultrapassando 72%, com os distribuidores e revendedores ficando com 51% do preço médio atual de um botijão.

Impacto do Diesel

O diesel, crucial para o transporte de mercadorias e que impacta diretamente os preços dos alimentos, também apresenta uma situação complexa. Embora a Petrobras tenha reduzido o preço do diesel vendido às distribuidoras em 34,9% desde janeiro, o preço final para os consumidores caiu apenas 3,18%. O diretor de Logística da Petrobras, Claudio Romeo Schlosser, reconheceu que essa redução não está sendo percebida pelos consumidores.

Críticas e Consequências das Privatizações

Mahatma dos Santos, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, criticou as privatizações, afirmando que elas não trouxeram os benefícios prometidos, como concorrência e redução de preços. Em vez disso, ele argumenta que houve piora nas condições de serviços e nos preços para os consumidores. Enquanto Chambriard responsabilizou as empresas privatizadas pela alta dos combustíveis, Santos questionou se a Petrobras está considerando a reestatização da BR Distribuidora e da Liquigás.

Embora haja discussões sobre uma possível recompra de ativos privatizados pela Petrobras, como a refinaria na Bahia, a Petrobras afirmou que não há avanços nesse sentido. No que diz respeito à Vibra, a maior distribuidora do país, a empresa não se manifestou sobre as críticas feitas pela presidente da Petrobras.

Essas questões sobre preços e privatizações continuam a gerar debates, enquanto os consumidores enfrentam altos custos nas bombas de gasolina e gás.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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