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STF impede despejo de 500 famílias requisitado pela Suzano no Maranhão

Na última sexta-feira, dia 9, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender a reintegração de posse da fazenda Jurema, localizada entre os municípios de Vila Nova dos Martírios e São Pedro da Água Branca, no Maranhão. A medida estava prevista para ocorrer na próxima terça-feira, dia 13, a pedido da empresa Suzano S.A., que atua no setor de papel e celulose e possui uma extensa área de plantações de eucaliptos, totalizando aproximadamente 1,3 milhão de hectares.

A fazenda Jurema abriga cerca de 500 famílias de agricultores que, segundo informações do STF, se manifestaram contra o plano apresentado pela Suzano para a reintegração. As famílias argumentaram que não há locais adequados para a realocação das cerca de 2.000 pessoas potencialmente afetadas pela remoção.

O relator da decisão, ministro Edson Facchin, destacou que o plano de reintegração apresentado pela Suzano é considerado “precário, inadequado e inexecutável”. Ele ressaltou a complexidade da situação e a necessidade de garantir o direito à moradia para todos os ocupantes da área.

Além disso, o STF mencionou que há um processo administrativo em andamento no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para que a área da fazenda Jurema seja reconhecida como imóvel de interesse social e destinada ao Programa Nacional de Reforma Agrária. Essa situação adiciona uma camada de complexidade ao caso, que envolve tanto questões fundiárias quanto sociais.

A fazenda possui aproximadamente 23 mil hectares e está situada às margens da Rodovia MA-125, perto das divisas com os estados do Pará e Tocantins. De acordo com a Defensoria Pública do Maranhão, muitas dessas famílias vivem no local há mais de 20 anos.

Em um parecer sobre o planejamento da Suzano, a Defensoria ressaltou que a empresa não realizou um levantamento adequado das famílias que seriam impactadas pela remoção, o que é considerado essencial para entender as necessidades das pessoas que incluem crianças, idosos e indivíduos com deficiências. Essa falta de preparação poderia dificultar a implementação de um plano de desocupação que atenda efetivamente às necessidades da população.

Além de serem um lar, a produção agrícola das famílias na fazenda Jurema é um importante sustento para a economia local, abastecendo diversos municípios da região. Parte dessa produção é transportada por cerca de 150 quilômetros até a cidade de Imperatriz.

O secretário de Agricultura, Abastecimento e Pesca de São Pedro da Água Branca, Francisco das Chagas, expressou preocupação sobre os impactos negativos que a reintegração poderia ter na agricultura familiar da região, afirmando que isso poderia inviabilizar essa prática tão importante para as comunidades locais.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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