Montadoras ganham mais tempo para ajustar emissões na Europa

A decisão que já era esperada finalmente se concretizou. O Parlamento Europeu aprovou uma nova regra que simplifica como as montadoras vão medir a emissão de CO₂ dos seus modelos. Agora, em vez de uma fiscalização ano a ano, elas poderão calcular a média de desempenho entre 2025 e 2027. Com isso, as marcas ganham um pouco mais de fôlego para ajustar os números.
Mas não pense que isso significa que elas estão livres de encargos. A multa por cada grama de CO₂ que ultrapassar o limite continua em € 95 por quilômetro, multiplicada pelo total de veículos emplacados. O bacana é que, se uma montadora superar os limites em um ano, poderá compensar essa excessividade com resultados melhores nos anos seguintes. Isso é especialmente importante, já que alguns executivos do setor, como Luca de Meo, da Renault, afirmaram que as regras anteriores poderiam resultar em prejuízos de mais de € 15 bilhões apenas em 2025.
Outro ponto interessante é que agora as fabricantes poderão formar “pools”, agrupando suas emissões com as de outras empresas. Isso pode ajudar a evitar multas, mas também gerou um certo receio entre os críticos, que temem que isso diminua a competitividade da indústria europeia em relação a concorrentes de fora. Embora o texto ainda precise da aprovação formal do Conselho da União Europeia — o que deve ser apenas uma formalidade, já que a proposta foi validada anteriormente —, já podemos enxergar a direção que o mercado está tomando.
Recentemente, líderes da Stellantis e o próprio Luca de Meo mencionaram que a pressão para impôr uma transição rápida para veículos elétricos pode trazer consequências indesejadas para a indústria europeia. Eles argumentam que, se a Europa não for cuidadosa, corre o risco de se tornar apenas um mercado consumidor, importando carros produzidos fora, em vez de ser um polo industrial.
Fôlego extra para a indústria
Essas mudanças fazem parte de um plano industrial elaborado pela Comissão Europeia, apresentado em março, que busca aliviar a pressão sobre a indústria automotiva. Com a concorrência cada vez mais acirrada, especialmente no setor de elétricos, essa flexibilização pode ser um respiro necessário para as montadoras europeias.
A discussão sobre o futuro da indústria automobilística ganhou corpo em um diálogo que começou com a presidente Ursula von der Leyen no início do ano. O intuito é garantir um espaço estratégico e competitivo enquanto enfrentam as transformações necessárias para a descarbonização.
Reação do setor
A Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA) ficou bem satisfeita com a decisão do Parlamento. Eles destacaram que a nova abordagem em relação às regras de CO₂ oferece mais previsibilidade para a indústria, essencial para planejar o futuro. O que muitos defendem agora é uma estratégia clara e a longo prazo para a descarbonização do setor, um tema que não sai da pauta e precisa de atenção constante.
No fim das contas, a velocidade com que as montadoras se adaptam a essas mudanças vai definir como será a paisagem automotiva nos próximos anos. E quem é apaixonado por carros sabe que, em meio a tantas transformações, o ideal é que a paixão pela direção permaneça acesa.