Notícias Agora

Cenário das exportações: China e Argentina ajudam Brasil nos EUA

As exportações do Brasil para a China e a Argentina apresentaram um crescimento significativo em agosto, ajudando a compensar uma queda nas vendas para os Estados Unidos. Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, totalizando US$ 2,762 bilhões.

Em contraste, as vendas para a China aumentaram 31%, alcançando US$ 9,494 bilhões. As exportações para a Argentina também mostraram um avanço considerável, com um crescimento de 40,4% e totalizando US$ 1,642 bilhão. Esses aumentos contribuíram para que a balança comercial do Brasil em agosto registrasse um superávit de US$ 6,133 bilhões, um crescimento de 3,9% em comparação com o ano anterior.

A economista Júlia Marasca, do banco Itaú, explicou que houve um movimento prévio de antecipação das exportações para os Estados Unidos, especialmente em julho, antes da implementação de uma nova tarifa adicional de 40%. Esse aumento foi percebido em produtos como aeronaves, sucos e itens de ferro e aço. No entanto, com a entrada em vigor da tarifa em agosto, as exportações para os EUA sofreram uma queda diversificada entre diferentes bens.

Historicamente, os Estados Unidos, a China e a Argentina ocupam os primeiros lugares como destinos principais das exportações brasileiras, representando quase 50% das vendas externas do país. O crescimento nas exportações para a China foi impulsionado principalmente pela venda de soja. Em agosto, as exportações desse produto somaram aproximadamente US$ 3,3 bilhões, superando os US$ 2,6 bilhões do mesmo mês do ano passado. A preferência do governo chinês pela soja brasileira em relação à soja americana parece ser uma estratégia para usar esse produto nas negociações com os EUA.

A guerra comercial iniciada pelo ex-presidente americano Donald Trump resultou em tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, que chegam a 50%, o que representa uma das maiores penalidades aplicadas a um parceiro comercial. Apesar disso, os EUA implementaram uma lista de exceções que aliviam algumas tarifas para produtos brasileiros.

A economia argentina, por sua vez, também tem mostrado sinais de recuperação, ajudando no aumento das exportações brasileiras para o país. Após enfrentar uma recessão em 2024, a Argentina, sob a liderança do presidente Javier Milei, está voltando a crescer. Recentemente, as vendas de veículos para a Argentina atingiram US$ 360,2 milhões em agosto, um aumento em relação aos US$ 184,8 milhões do mesmo mês do ano passado.

Contudo, a recente derrota política de Milei nas eleições legislativas na província de Buenos Aires gerou incertezas sobre o futuro econômico do país e se a agenda econômica do presidente receberá o suporte necessário.

O cenário das exportações brasileiras está se reorganizando diante das tarifas dos EUA, mas os efeitos na balança comercial ainda são incertos. Estima-se que as exportações possam perder até US$ 13 bilhões em 12 meses devido às tarifas, mas esse número pode ser ajustado para US$ 7 bilhões com a possível realocação de exportações, especialmente de commodities.

Atualmente, já são observados movimentos de adaptação, com aumentos nas exportações de carne bovina para países como México, Chile e Rússia, bem como realocação de produtos alimentícios para a América do Sul. No entanto, a adaptação das exportações de produtos manufaturados, como ferro, aço e máquinas, é mais desafiadora. O banco Itaú projeta uma superávit comercial de US$ 65 bilhões para 2025, embora o saldo do ano passado tenha sido de US$ 74,6 bilhões.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo