Israel distribui panfletos pedindo saída de civis em Gaza

Palestinos na Cidade de Gaza começaram a receber panfletos do governo israelense nesta terça-feira, dia 9, pedindo que deixassem a área. O aviso surgiu após Israel anunciar que planejava bombardear a região para atacar o Hamas, o grupo que controla a área.
Antes do início do conflito, a Cidade de Gaza tinha uma população de cerca de um milhão de pessoas. Os moradores estavam agoniados com a possibilidade de um ataque, que foi anunciado pelo governo israelense como parte de uma estratégia para erradicar o Hamas de suas últimas bases.
Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, fez um apelo direto: pediu aos habitantes da cidade que evacuassem, afirmando que essa era uma “oportunidade” para deixar a área antes que os ataques começassem.
O exército israelense distribuiu informações sobre a retirada, mas a mensagem causou grande confusão e pânico entre os moradores. Muitos relataram que não havia lugares seguros para onde ir, já que a crise humanitária na região se agravou. Embora alguns considerassem a possibilidade de se deslocar para o sul, muitos decidiram ficar em casa, sem sinais claros de um exôdo em massa. Uma moradora chamada Um Mohammad, de 55 anos e mãe de seis filhos, enviou uma mensagem dizendo que resistia em sair, mas que agora pretendia permanecer com seus familiares.
As autoridades de saúde em Gaza informaram que retirariam pessoas dos dois principais hospitais da região, Al-Shifa e Al-Ahli, mas garantiram que os médicos cuidariam dos pacientes. A guerra, que começou em outubro de 2023 após um ataque do Hamas a Israel, já resultou em mais de 64 mil palestinos mortos, de acordo com dados oficiais de Gaza. Quase toda a população foi deslocada, e a infraestrutura local ficou severamente danificada, agravando a crise de fome.
Israel orientou os habitantes da Cidade de Gaza a buscarem abrigo em uma “zona humanitária” na área de Al-Mawasi, no sul da Faixa de Gaza, que já estava lotada de deslocados. Contudo, ataques aéreos também têm ocorrido nessa região.
Uma moradora chamada Um Samed, de 59 anos e mãe de cinco filhos, comentou que a escolha entre ficar na cidade ou se arriscar a ir para o sul era angustiante.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, prometeu que um “furacão poderoso” seria desencadeado se o Hamas não libertasse os reféns que possui e não se rendesse. Israel convocou milhares de reservistas e está se preparando para uma ofensiva terrestre em Gaza.
Embora nenhuma nova ação militar em grande escala tenha sido anunciada para a próxima semana, as forças israelenses já estariam controlando cerca de 40% da cidade. No entanto, um novo ataque poderia complicar os esforços internacionais para um cessar-fogo, que eram esperados para ser discutidos.
O Ministério da Saúde de Gaza fez um apelo à comunidade internacional, ressaltando a urgência da proteção aos hospitais da região, devido ao risco de uma “catástrofe humanitária.”
Enquanto isso, alguns países europeus manifestaram insatisfação com os bombardeios e anunciaram que poderiam reconhecer o Estado palestino em uma reunião da Assembleia Geral da ONU, o que é rejeitado por Israel e pelos Estados Unidos.
Críticos afirmam que os planos de Israel para a região podem acentuar o sofrimento dos 2,2 milhões de palestinos que vivem em Gaza. A situação é crítica, e o relatório de um monitor global de fome indicou que há fome em várias áreas, incluindo a Cidade de Gaza.
Netanyahu defende que Israel precisa continuar seus esforços para derrotar o Hamas, uma vez que o grupo se recusa a depor as armas. Por sua vez, o Hamas condiciona sua rendição à criação de um Estado palestino independentes e à libertação de todos os reféns.
Em outro contexto, uma flotilha que tenta romper o bloqueio marítimo israelense e levar ajuda para Gaza informou que um de seus barcos foi atingido por um drone em um porto da Tunísia, embora todos a bordo tenham permanecido seguros. Entre os membros da flotilha está a ativista sueca Greta Thunberg, que havia sido detida por Israel em uma tentativa anterior de alcançar Gaza.