Túnisia nega que frota de Greta Thunberg tenha sido atacada por drone

As autoridades tunisianas rejeitaram as alegações de que um dos barcos com destino a Gaza, que transportava ajuda humanitária e ativistas pró-Palestina, incluindo a ativista Greta Thunberg, teria sido atacado por um drone. Os organizadores da chamada Global Sumud Flotilla (Flotilha Global Sumud) afirmaram que a embarcação, com bandeira portuguesa, foi atingida enquanto estava ancorada no porto de Sidi Bou Said, na Tunísia. Segundo eles, todos os seis passageiros e membros da tripulação estão a salvo.
Um porta-voz da Guarda Nacional da Tunísia informou que “nenhum drone” foi detectado e que uma investigação está em andamento. A flotilha, cujo objetivo é levar ajuda a Gaza, partiu de Barcelona na semana passada e chegou à Tunísia no domingo.
Os organizadores da flotilha relataram que o barco conhecido como “Family boat” sofreu danos na parte principal devido a um incêndio. Em vídeos postados em suas redes sociais, representantes da GSF afirmaram que um “dispositivo incendiário” causou o fogo a bordo, mas a equipe conseguiu extinguir as chamas. O porta-voz da Guarda Nacional reiterou que as alegações sobre um ataque aéreo não têm base na realidade e que uma inspeção preliminar apontou que a explosão pode ter se originado de dentro da embarcação.
Francesca Albanese, relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU e residente na Tunísia, comentou que, se um ataque for confirmado, isso seria considerado uma agressão à soberania tunisiana. Ela mencionou que estava no porto de Sidi Bou Said buscando esclarecimentos com as autoridades locais.
Albanese é conhecida por criticar as ações militares de Israel em Gaza e foi alvo de sanções dos Estados Unidos em julho, uma decisão que foi celebrada pelo Primeiro-Ministro de Israel, que a considerou uma medida contra o que ele chamou de campanha difamatória contra o país.
Os organizadores da GSF afirmam que sua missão é romper o bloqueio considerado ilegal imposto por Israel a Gaza, mas eles têm enfrentado muitos obstáculos. Em junho, por exemplo, força do Exército de Israel embarcou em um barco que levava ajuda humanitária a Gaza, detendo 12 ativistas a bordo, incluindo Thunberg, que foram escoltados até o porto de Ashdod e deportados.
As autoridades israelenses têm caracterizado as tentativas de envio de ajuda a Gaza como ações de promoção, alegando que não oferecem verdadeira assistência humanitária. Já houve denúncias anteriores de ataques a drones contra embarcações destinadas a Gaza; a “Freedom Flotilla” alegou que seu barco “The Conscience” foi atingido por um drone em maio, perto da costa de Malta. O governo maltês confirmou que todos a bordo estavam em segurança e que o incêndio a bordo foi controlado.
No mês passado, um órgão apoiado pela ONU confirmou a ocorrência de fome em Gaza, afirmando que isso é resultado do bloqueio sistemático imposto por Israel à entrada de ajuda. Israel, por sua vez, negou as alegações de que há fome no território e argumentou que impôs um bloqueio total de quase três meses, alegando que a ajuda estava sendo desviada pelo Hamas. Recentemente, passou a permitir um fluxo limitado de ajuda devido à pressão internacional, mas buscou implementar seu próprio sistema de distribuição através da controversa Gazan Humanitarian Foundation, que tem enfrentado críticas de agências de ajuda.
Em 2010, um episódio semelhante ocorreu quando comandos israelenses mataram 10 pessoas ao abordarem o navio turco Mavi Marmara, que liderava uma flotilha de ajuda rumo a Gaza. As tensões aumentaram ainda mais após um ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, resultando na morte de cerca de 1.200 pessoas e no sequestro de 251 outras. Desde então, ao menos 64.522 pessoas foram mortas em ataques israelenses em Gaza, de acordo com o ministério da saúde local, administrado pelo Hamas.