Bayrou anuncia renúncia e Macron escolherá novo primeiro-ministro

Em uma noite chuvosa em Clermont-Ferrand, cerca de 200 pessoas se reuniram em frente à prefeitura para protestar, celebrando a saída do político François Bayrou. Entre gritos de apoio, aplausos e sinalizadores, a multidão manifestou seu descontentamento com a atual situação política do país. O evento, chamado de “pot de départ de Bayrou”, segue uma série de mobilizações similares que ocorrem em várias cidades da França.
O grupo era formado por militantes de diversas causas, incluindo direitos civis e feministas, além de estudantes que usavam roupas com símbolos de luta. O clima era de camaradagem, com a banda local “La Révolta” tocando a famosa canção “Bella Ciao” e um grupo de mulheres conhecido como “Rosies” se destacando com suas roupas de trabalho.
Entre os manifestantes, estava Claire, uma ergothérapeute de 50 anos, que decidiu participar do protesto mesmo sem uma militância ativa. Ela mencionou que o aumento da participação cidadã é fundamental para que mudanças possam ocorrer, expressando sua frustração com a falta de escuta por parte dos governantes.
O desempenho do governo em relação a políticas feministas também foi um ponto de preocupação. Ophélie Barbarin, tesoureira da organização Osez le féminisme 63, falou sobre as dificuldades que as associações enfrentam com o corte de recursos. Ela ressaltou a importância de instituições que apoiam mulheres, especialmente em áreas rurais, e expressou receio de que a saída de Bayrou não signifique melhorias, caso outro político com visões opostas o substitua.
Geneviève, uma pediatra aposentada, também compartilhou suas inquietações sobre o estado da democracia. Com 72 anos, ela se recorda de várias lutas sociais e está preocupada com decisões governamentais tomadas sem amplo debate, citando o uso frequente do dispositivo constitucional conhecido como 49.3 para aprovar leis. Apesar disso, a recente mobilização de 2 milhões de assinaturas em uma petição contra certas políticas deu a ela uma esperança renovada.
À medida que a noite avançava, uma militante incentivou os participantes a se juntarem a uma assembleia geral na “casa do povo”. Para os que não pudessem ficar, o encontro estava marcado para a manhã seguinte, às 7 horas, em pontos estratégicos da cidade, onde os manifestantes pretendiam iniciar uma mobilização contínua. Contudo, havia também um sentimento de cansaço entre alguns, que estavam desanimados após anos de protestos e tentativas de mudança.