Bolsonaro terá um dia a mais de julgamento no STF após pedido de Moraes

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou a marcação de sessões extras para o julgamento da ação penal relacionada à tentativa de golpe no Brasil, na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é um dos réus. O presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, atendeu ao pedido e agendou duas novas sessões para quinta-feira, 11 de setembro de 2025. As sessões estão programadas para ocorrer pela manhã e à tarde, em função do cancelamento de uma outra reunião que estava previamente agendada para a mesma data.
O julgamento, que começou esta semana, ocorreu na terça e na quarta-feira, com a apresentação do relatório do processo e as sustentações orais da Procuradoria-Geral da República (PGR) e dos advogados de defesa dos réus. O processo será retomado na próxima semana, com o voto de Moraes, que é o relator do caso. É esperado que esse voto ocupe a totalidade da primeira sessão da manhã de terça-feira. Além das novas sessões, já estavam previstas mais quatro encontros: um na tarde de terça-feira, um na manhã de quarta-feira e dois na sexta-feira. Caso todas as sessões sejam utilizadas, o julgamento se estenderá por um total de dez sessões em seis dias.
Na fase inicial do julgamento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, destacou que o plano golpista não depende de uma ordem escrita do presidente para ser caracterizado. Ele afirmou que a ofensiva dos acusados estava suficientemente documentada e enfatizou que a ação criminosa já estava em andamento quando Bolsonaro e o ministro da Defesa convocaram a cúpula militar para discutir o golpe.
Por outro lado, os advogados de defesa alegaram que seus clientes, incluindo Bolsonaro, não tiveram envolvimento direto nas ações que levaram aos tumultos de 8 de janeiro de 2023. Eles questionaram a validade da delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e argumentaram que a mera discussão sobre um plano não deve ser motivo para responsabilização penal. A defesa de Bolsonaro buscou minimizar a participação do ex-presidente nos eventos que antecederam os distúrbios e desqualificou as provas apresentadas.
O advogado de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, também levantou questões sobre o direito de defesa no processo, afirmando que houve restrições e que não houve tempo suficiente para analisar todas as provas. Ele mencionou que o conteúdo da delação de Cid era repleto de omissões e contradições, considerando-o “mentiroso”.
Esse julgamento é um dos mais importantes do país, envolvendo questões centrais sobre a democracia e a responsabilidade de figuras políticas em eventos que ameaçaram a estabilidade do Estado.