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Morre o documentarista Silvio Tendler, aos 75 anos

O cineasta e documentarista Silvio Tendler, um dos mais respeitados do Brasil, faleceu na última sexta-feira, dia 5, aos 75 anos. Ele morreu devido a uma infecção generalizada enquanto estava internado no Hospital Copa Star, localizado em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O velório será realizado no domingo, dia 7, às 11h, no Cemitério Comunal Israelita do Caju, na Zona Portuária do Rio, conforme informações fornecidas pela família.

Silvio Tendler dedicou mais de 40 anos à produção de documentários, totalizando mais de 70 obras, entre curtas, médias e longas-metragens. Seu trabalho foi fundamental para a documentação da história política do Brasil, com filmes como “Os anos JK — Uma trajetória política”, lançado em 1981, “Jango”, de 1984, e “Marighella, retrato falado do guerrilheiro”, de 2001. Tendler também fez importantes retratos de figuras da arte brasileira em documentários como “Castro Alves — Retrato falado do poeta” (1999) e “Ferreira Gullar — Arqueologia do poeta” (2019).

Seu documentário “O mundo mágico dos Trapalhões”, lançado em 1981, é notável por ser o mais assistido da história do cinema brasileiro, com 1,8 milhão de espectadores. A influência de Tendler se estende para além do cinema, sendo lembrado por sua postura crítica e pelo compromisso com uma sociedade mais justa. Ele foi um dos pioneiros no uso de arquivos históricos no cinema brasileiro e é especialmente reconhecido por suas obras “Os anos JK” e “Jango”.

Em 2023, Tendler lançou seu último filme intitulado “O futuro é nosso!”, que resulta de entrevistas realizadas durante a pandemia. O documentário inclui a participação do cineasta britânico Ken Loach e foi descrito como uma obra “utópica”. Tendler destacou a visão de que, apesar das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, os movimentos sociais não desaparecem, mas encontram formas de se transformar.

O cineasta, que teve sua mobilidade afetada desde 2011 devido a um problema congênito, continuou a trabalhar após uma cirurgia que melhorou seus movimentos. A luta de Tendler foi também retratada no documentário “A arte do renascimento — Uma cinebiografia de Silvio Tendler”.

Além dos desafios de saúde, Tendler enfrentou dificuldades em concretizar seus projetos cinematográficos. Em abril de 2025, ele mencionou a importância da acessibilidade a verbas culturais, enfatizando que, frequentemente, sua pontuação nos editais era impactada por sua condição de cadeirante.

Tendler nasceu no Rio de Janeiro em 2 de março de 1948 e começou sua trajetória no cinema ao frequentar cineclubes na década de 1960. Inicialmente, ele se matriculou em Ciências Jurídicas na PUC-Rio, mas logo abandonou o curso para se dedicar ao cinema. Em 1970, se mudou para o Chile, onde ficou por quase dois anos, e, após um breve tempo na França, onde se especializou em Cinema e História, retornou ao Brasil no final da década de 1970.

Em seu retorno, ele começou a trabalhar no documentário “Os anos JK” e lecionou na PUC-Rio por mais de 40 anos, contribuindo para a formação de novas gerações de cineastas.

Silvio Tendler deixa sua filha, Ana Tendler, seu neto, Ernesto, e seus pets, um cão da raça cane corso chamado Camarada e uma calopsita chamada Renê, que foram seus companheiros durante a pandemia.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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