Colegiado do BC nega aquisição do Master pelo BRB

O Banco Central (BC) rejeitou, nesta quarta-feira, a solicitação do Banco de Brasília (BRB) para comprar o Banco Master. As partes envolvidas já foram informadas sobre a decisão. Após a divulgação, o BRB emitiu um comunicado oficial, no qual pediu esclarecimentos sobre os motivos da rejeição e expressou sua confiança na operação, se comprometendo a abordar os riscos apontados pelo BC.
O BC tinha um prazo de quase um ano para avaliar a aquisição, mas demonstrava interesse em concluir o processo rapidamente. O anúncio da compra do Banco Master pelo BRB, feito no final de março, trouxe à tona as relações entre políticos do centrão e Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, além de destacar as práticas arriscadas da instituição no mercado de precatórios e Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).
A fusão também gerou uma disputa entre os bancos em relação ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), e mudanças nas regras do fundo foram aprovadas no início de agosto. A decisão do BC ocorreu no mesmo período em que o centrão tentava aprovar uma lei que daria aos parlamentares o poder de demitir diretores e o presidente do Banco Central, o que foi interpretado por alguns membros do governo como uma pressão política para que a operação fosse aprovada.
O diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, Renato Gomes, que era cauteloso em relação à operação, indicou que a proposta estava sujeita a cinco condições, incluindo uma auditoria dos ativos e passivos do Banco Master. A estratégia do BRB incluía a separação dos ativos de maior risco, como precatórios e direitos creditórios de ações judiciais.
Em junho, a compra foi aprovada pela Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que não impôs restrições, considerando que a operação não afetaria a concorrência no mercado. Segundo a análise, a participação conjunta das instituições ficaria abaixo de 20%, nível considerado seguro para não gerar problemas de domínio no setor.
O BRB planejava adquirir 58% do Banco Master, comprando 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais, sendo essas ações atualmente controladas pela Master Holding Financeira e pela DV Holding Financeira.
O BRB, que é uma empresa pública controlada pelo governo do Distrito Federal, busca expandir suas operações sob a liderança do governador Ibaneis Rocha. No entanto, a proposta de aquisição foi alvo de críticas por parte de políticos locais. Executivos do BRB defendiam que a compra era estratégica, pois se concentraria na parte saudável do Banco Master, conhecida como “good bank”.
O Banco Master enfrenta dificuldades financeiras desde pelo menos o final do ano passado e adotou uma estratégia de crescimento baseada em receitas de difícil liquidez, como precatórios, enquanto oferecia altas remunerações a investidores por meio de CDBs. A proteção do FGC foi um dos atrativos para captar investidores, mas junto com esse apoio, surgiram discussões sobre a utilização do Fundo para garantir operações financeiras de risco.
O Banco Central, durante as discussões, reiterou seu compromisso em restringir o uso do FGC para evitar que ele financiasse operações arriscadas.