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Bolsonaro orientou distribuição de remédios proibidos na pandemia

Durante a pandemia de covid-19, o ex-presidente Jair Bolsonaro ordenou que o tenente-coronel Mauro Cid distribuisse um medicamento proibido no Brasil. Esse medicamento é a proxalutamida, um anti-androgênio não esteroidal que ainda está em fase de testes e não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Informações obtidas pela Polícia Federal revelam que Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, organizou a entrega da proxalutamida a aliados do governo, sob a orientação do então presidente. A Anvisa havia autorizado apenas estudos sobre o uso do medicamento, mas a importação foi suspensa devido a irregularidades. Entre as irregularidades, a quantidade de comprimidos importados excedeu o permitido, possibilitando o desvio do medicamento.

A proxalutamida surgiu como solução em meio a informações falsas que circularam entre apoiadores de Bolsonaro, que defendiam seu uso no tratamento da covid-19, mesmo sem comprovação científica. A substância ainda não é aceita por agências regulatórias em países como os Estados Unidos e em países da União Europeia.

Mensagens trocadas entre Cid e Bolsonaro mostram que Cid sugeriu enviar o medicamento ao pastor R. R. Soares, que estava internado com covid-19, e recebeu a autorização de Bolsonaro para proceder. A entrega do remédio foi confirmed com a entrega a Maria Luciana, esposa de Bolsonaro. No entanto, não está claro se de fato o remédio chegou a ser administrado.

As comunicações também indicam que Cid foi solicitado a repassar a proxalutamida a familiares de pessoas gravemente doentes. Em um caso, Cid comentou que o medicamento poderia “levantar até defunto”, referindo-se ao potencial de recuperação, mas essas informações carecem de sustentação científica.

Além disso, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que também atuou no governo Bolsonaro, participou dessa questão ao defender o uso da proxalutamida durante a pandemia. Mensagens apontam que, mesmo após ser demitido, Pazuello continuava a aconselhar Bolsonaro sobre o medicamento.

A entrega irregular da proxalutamida levanta implicações legais, uma vez que a distribuição de medicamentos sem autorização pode ser considerada crime, conforme previsto no Código Penal brasileiro. A Polícia Federal continua a investigar as circunstâncias em que a distribuição do medicamento ocorreu, incluindo a participação de Cid e outros membros do governo na promoção de um uso indiscriminado dessa substância não aprovada.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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