Centenário de Clara Charf é celebrado por família em São Paulo

Neste sábado, dia 19, São Paulo (SP) foi palco de uma festa especial em homenagem aos cem anos de vida de Clara Charf. A ativista é reconhecida como uma das principais vozes do feminismo popular e da esquerda no país. O evento aconteceu no galpão cultural Elza Soares, situado no centro da capital.
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Clara Charf fez parte de um importante capítulo da história brasileira, tendo sido companheira do líder revolucionário Carlos Marighella e atuado com o Partido Comunista Brasileiro. Durante a ditadura militar, ela enfrentou perseguições e foi presa. Após o assassinato de Marighella em 1969, Clara se viu forçada ao exílio em Cuba. Ao retornar, contribuiu significativamente para diferentes iniciativas políticas e foi uma figura ativa no Partido dos Trabalhadores (PT), especialmente durante a redemocratização.
Maria Marighella, neta de Clara e presidenta da Funarte, ressaltou a importância da ativista ao afirmar: “Essa mulher centenária, além de ser comunista e companheira de Marighella, é uma guardiã da memória de luta do povo brasileiro. Ela atravessou o século XX e entra no século XXI tendo feito da sua vida uma ação de luta permanente.”
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Dentro do PT, Clara era uma articuladora essencial para a inclusão das mulheres no partido. José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e figura histórica do PT, complementou: “Clara teve uma função importantíssima para o PT, não apenas lutando pela igualdade de gênero, mas também ajudando nas relações internacionais do partido. Os laços que nos unem são primeiro afetivos, depois políticos.”
José Genoino, ex-deputado federal e ex-presidente do PT, destacou a lealdade de Clara à causa do socialismo. Ele lembrou que, durante todos os anos em que conviveram, ela sempre ofereceu palavras de incentivo e coragem.
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Durante a celebração, Clara recebeu muitos buquês, abraços e homenagens que refletiam sua contribuição para o país. Mensagens de pessoas importantes que não puderam estar presentes também foram lidas, incluindo uma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do escritor Frei Betto e do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Este último, por meio do embaixador venezuelano no Brasil, destacou que a luta de Clara e Marighella serve de inspiração para a revolução bolivariana.
A irmã de Clara, Sara Grinspun, compartilhou que a ativista, apesar de enfrentar lapsos de memória atualmente, continua a ser uma presença luminosa. “A Clara é uma doçura de pessoa. O que há de bom em uma figura, há nela, apesar de todo o sofrimento que enfrentou na vida,” disse ela.
O evento contou ainda com a exibição de um vídeo em um telão, apresentando entrevistas da ativista ao longo de sua vida. Em um dos trechos, Clara expressou seu pensamento sobre a vida: “Eu acho que tudo que pulsa, tudo que você pode realizar, construir, fazer… a vida é isso. Uma pessoa que não faz nada, que fica só se queixando, amargurada, eu acho que não vive. Vida pra mim é luta.”
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