Notícias

Celulose tem R$ 5,6 bi em renúncia fiscal e pouco retorno em MS

Crescimento da Indústria de Celulose em Mato Grosso do Sul: Oportunidades e Desafios

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

A indústria de celulose em Mato Grosso do Sul (MS) tem experimentado um crescimento significativo nos últimos anos, maior que o da soja, e se projeta para se tornar a maior produtora do país até 2026. O setor é considerado uma nova “corrida do ouro”, pois atrai investimentos e gera empregos, especialmente nas regiões Leste do Estado, como Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. Contudo, esse avanço traz à tona questões importantes sobre o uso de recursos públicos e as contrapartidas sociais exigidas das empresas do setor.

Em 2023, o Estado deixou de arrecadar cerca de R$ 5,6 bilhões em tributos, o que representa aproximadamente 25% de seu potencial de receita. Essas renúncias fiscais levantam preocupações sobre como essas isenções afetam o desenvolvimento social local. O economista Juliano Goularti aponta que, embora haja geração de empregos e investimentos significativos, as contrapartidas sociais e a fiscalização dos incentivos concedidos são insuficientes.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Goularti destaca que a ausência de acompanhamento por órgãos de controle, como o Tribunal de Contas e as Secretarias da Fazenda, dificulta a avaliação da efetividade desses benefícios fiscais. Ele considera que, nos últimos dez anos, o Estado acumulou cerca de R$ 17 bilhões em renúncias fiscais, enquanto no Brasil esse número ultrapassa R$ 2,5 trilhões. Segundo o economista, essa situação representa uma transferência de recursos públicos para empresas privadas sem suficientes retornos sociais.

Impacto da Celulose na Economia Local

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Os grandes projetos de celulose mudaram a estrutura fundiária e o ecossistema de diversas localidades no MS. Atualmente, há cerca de 1,7 milhão de hectares dedicados ao cultivo de eucalipto, o que levanta questões sobre os impactos ambientais e sociais. Cidades como Bataguassu, Água Clara e Inocência são diretamente afetadas por essas mudanças na paisagem e nas economias locais.

Apesar do peso do setor na economia, com exportações que somaram US$ 1,73 bilhão no primeiro semestre de 2023, os incentivos fiscais apenas garantem competitividade, mas não necessariamente investimentos sociais ou industriais diversificados. Goularti alerta que os benefícios tributários podem estar alimentando uma concentração de renda, exacerbando desigualdades sociais.

Investimentos Futuro e Geração de Emprego

A expansão do setor promete novos investimentos que devem resultar em milhares de empregos. A construção da fábrica da Bracell, que está em processo de licenciamento em Bataguassu, por exemplo, prevê criar 12 mil empregos temporários durante a construção e 7 mil empregos permanentes. Assim, a expectativa é de que a indústria de celulose crie cerca de 100 mil novos empregos até 2032, com a instalação de novas unidades.

Entretanto, Goularti ressalta que a dependência de um único produto, como a celulose, torna a economia local vulnerável a oscilações no mercado. Enquanto a indústria de celulose traz divisas ao Estado, a falta de diversificação e um foco excessivo no agronegócio podem representar riscos sociais e econômicos no futuro.

É essencial que, ao se promover o crescimento da indústria de celulose, o Estado acompanhe e exija contrapartidas que beneficiem não apenas as empresas, mas também a sociedade em geral. Um balanço verdadeiro entre crescimento econômico e desenvolvimento social é necessário para garantir que todos possam se beneficiar desse avanço.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo