Automotivo

Hyundai bate o martelo e afirma que câmbio manual e outras peças vão sumir

Aquele prazer de sentir o carro na mão, de cravar a marcha no tempo perfeito, de puxar o freio de mão em uma manobra… se você ama essas sensações, prepare-se para o luto. A Hyundai, uma das maiores montadoras do mundo, acaba de decretar o fim de uma era. Em uma declaração brutalmente honesta, um de seus diretores na Europa foi claro: o câmbio manual, o freio de mão de alavanca e os painéis com ponteiros de verdade estão mortos. E a culpa, segundo ele, é sua.

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A afirmação, que soa como uma heresia para os amantes de carros “raiz”, é um soco de realidade no estômago dos puristas.

O executivo não apenas confirmou o que já sentíamos — que esses itens estão desaparecendo —, mas jogou a responsabilidade diretamente no colo do consumidor, que, segundo ele, simplesmente parou de se importar com a “arte de dirigir”.

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Mas será que é só isso? A culpa é mesmo do motorista comum, que se rendeu à conveniência do câmbio automático?

A verdade é que, por trás dessa “morte” anunciada, existe uma combinação de falta de interesse do público, novas leis antipoluição e uma lógica fria de corte de custos que está redesenhando o interior dos carros para sempre.

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A sentença de morte do câmbio manual

Segundo o diretor do Centro Técnico da Hyundai na Europa, as montadoras até estariam dispostas a enfrentar os desafios técnicos de manter o câmbio manual em linha, mas a demanda simplesmente não justifica o esforço. “As pessoas não querem mais carros com três pedais”, afirmou ele.

Os números comprovam a tese. Nos EUA, por exemplo, o sedã esportivo Elantra N, um carro feito para entusiastas, teve uma taxa de adesão ao câmbio manual de apenas 30% no ano passado. O resto dos compradores, a esmagadora maioria, preferiu a versão com câmbio automático.

Além da falta de interesse, outros fatores estão colocando os pregos no caixão do câmbio manual:

  • Leis de emissões: As regras de controle de poluição, como o Proconve L8 no Brasil, são cada vez mais rígidas. É muito mais caro e complexo para uma montadora certificar e ajustar dois tipos de transmissão diferentes para o mesmo motor.
  • Tecnologias de assistência: Sistemas modernos de segurança, como a frenagem autônoma de emergência e o piloto automático adaptativo, funcionam de forma muito mais integrada e eficiente com o câmbio automático.

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As outras vítimas: adeus, freio de mão e ponteiros

A “limpeza” promovida pela tecnologia não para no câmbio. O executivo da Hyundai foi enfático ao dizer que outros dois itens icônicos também estão com os dias contados.

  • O freio de mão de alavanca: Será substituído em 100% dos carros pelo freio de estacionamento eletrônico, aquele botãozinho no console. É mais prático e libera espaço, mas tira todo o prazer de uma puxada de freio de mão bem dada.
  • O painel de instrumentos analógico: Os mostradores com ponteiros de verdade, que sobem e descem, também vão desaparecer, dando lugar às telas digitais, que são mais baratas de produzir em massa e permitem maior customização.

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A heresia final: “esportivos elétricos são melhores”

Para completar, o diretor ainda disparou contra a nostalgia dos motores a combustão. “Não entendo essa ideia de que os esportivos de verdade estão morrendo.

Se você quer ser rápido, nada supera um elétrico”, disse ele, afirmando que os sons sintéticos de motor, gerados pelos alto-falantes de carros como o Ioniq 5 N, substituem bem o rugido de um motor a gasolina.

A realidade é dura, mas clara. As montadoras não vão gastar dinheiro desenvolvendo recursos que pouquíssimas pessoas querem comprar.

Para os entusiastas, a mensagem da indústria é a mesma da Ferrari: “se quiser um manual, compre um carro usado”. O futuro, ao que tudo indica, será automático, digital e silencioso.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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