Cooperativas de reforma agrária promovem alimentos saudáveis e crédito

Em Ribeirão Preto, o assentamento Mário Lago, parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), se destaca em uma região marcada pela monocultura, especialmente a cana-de-açúcar. Localizado em meio a uma área onde predomina o agronegócio, esse assentamento enfrenta diversos desafios. Nivalda Alves, presidente da cooperativa Agroecológica Mãos da Terra, ressalta as dificuldades que a comunidade enfrenta, como a falta de capital de giro e a burocracia que atrapalha os pequenos produtores.
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No último sábado (5), Nivalda participou do I Encontro do Ecossistema Finapop em São Paulo, onde compartilhou sua experiência em produzir alimentos orgânicos. A cooperativa, composta principalmente por mulheres, teve acesso a uma linha de crédito em 2023, o que possibilitou a melhoria nas condições de produção. Os recursos foram utilizados para comprar insumos essenciais, como adubo e mudas, e também para pagar parte do caminhão que escoa a produção. Além disso, o barracão do assentamento foi reformado, ajudando a melhorar a infraestrutura do local.
Apesar de Ribeirão Preto ser considerada a capital do agronegócio e focar em monoculturas, o Mário Lago se destaca por promover uma agricultura familiar em meio a um cenário hostil. Em 2024, o assentamento sofreu severos danos devido a incêndios que destruíram grande parte das plantações. Nivalda relata que quase tudo foi queimado, mas, mesmo após um ano, as agricultoras continuam produzindo. Mensalmente, um caminhão sai do assentamento carregado de frutas e hortaliças, abastecendo feiras e mercados da região.
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Os moradores também estão envolvidos em um projeto de reflorestamento, plantando espécies frutíferas e nativas. A produção não atende apenas as demandas locais, mas é uma maneira de promover uma alimentação saudável e preservar o meio ambiente.
Experiências positivas semelhantes estão sendo relatadas em outras regiões, como no sul de Minas Gerais. Roberto Carlos do Nascimento, da Cooperativa Camponesa, destaca que a linha de crédito do Finapop ajudou a adquirir café produzido pela família e a estabelecer um formato de pagamento que respeita a realidade da cooperativa. Isso permitiu que eles oferecessem preços mais justos para os cooperados.
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Outra cooperativa, localizada em Uberlândia, gerencia a produção de frutas, hortaliças e ovos caipiras. A agricultora Flaviana Dias informa que o acesso ao crédito trouxe melhorias significativas, como a compra de embalagens para os ovos e alimentação para as aves. A produção local também abastece a merenda escolar nas comunidades vizinhas, reforçando a importância da cooperativa na oferta de alimentos saudáveis.
Bárbara Loureiro Borges, do setor de produção do MST, enfatiza que a reforma agrária popular vai além da simples distribuição de terras. Ela aponta que é uma resposta também para os problemas urbanos, garantindo acesso à alimentação saudável.
O Financiamento Popular para Alimentos Saudáveis (Finapop) é uma iniciativa que proporciona linhas de crédito para cooperativas da agricultura familiar. Criado em 2020, o programa já atendeu 64 cooperativas em 18 estados, financiando cerca de 135 projetos com um total de R$ 81 milhões. O objetivo é conectar pequenos produtores com investidores que se importam com a sustentabilidade e a produção agroecológica, permitindo que o dinheiro de quem acredita na causa ajude a transformar a realidade do campo.
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