Astrônomos da Nasa desconsideraram a hipótese de um astrofísico de Harvard que sugere que um objeto interestelar em nosso sistema solar pode ser uma criação extraterrestre, alertando que isso poderia trazer sérias consequências para a humanidade.
Avi Loeb, diretor do Projeto Galileo da Universidade de Harvard, que busca provas de vida fora da Terra, gerou discussões ao afirmar em um artigo científico publicado em julho que o Cometa 3I/Atlas, que realizará uma passagem próxima a Marte no próximo mês, pode ter sido criado artificialmente.
Esse cometa é apenas o terceiro objeto conhecido a se originar fora do nosso sistema solar e foi nomeado em homenagem ao telescópio Atlas, que o descobriu no dia 1º de julho em Río Hurtado, no Chile.
Loeb argumenta que as observações até agora não mostraram as características típicas de cometas que se formaram dentro do sistema solar, como caudas de gás e poeira, e que a trajetória do cometa é incomum. Ele sugere que isso pode indicar que o objeto é “um artefato tecnológico” de uma civilização avançada.
Em uma postagem em seu blog, ele explicou que se dados futuros confirmarem a ausência de uma cauda cometária, poderíamos estar diante da possibilidade intrigante de que o objeto não apenas surgiu aleatoriamente no espaço interestelar, mas foi enviado em direção ao sistema solar intencionalmente.
Loeb também levantou a hipótese de que o objeto poderia realizar manobras secretas no espaço profundo enquanto fica oculto atrás do sol em outubro, podendo então ter um encontro com a Terra com intenções hostis. Ele alertou que, caso sua teoria esteja correta, os danos poderiam ser graves e que medidas defensivas poderiam ser necessárias.
Entretanto, os especialistas da Nasa não consideraram a argumentação de Loeb convincente. A agência espacial está monitorando o cometa por meio de telescópios e garante que ele não representa nenhuma ameaça para a Terra.
Tom Statler, cientista da Nasa, afirmou que o cometa apresenta características típicas de cometas conhecidos. Segundo ele, a aparência e o comportamento do 3I/Atlas são similares àqueles dos cometas que já estudamos. Estatísticas mostram que, embora tenha algumas propriedades diferentes, ele ainda se comporta como um cometa natural.
As imagens do telescópio Hubble indicam que o cometa tem até 5,6 quilômetros de largura e está viajando a uma velocidade impressionante de 209.000 quilômetros por hora, o que o torna o visitante mais rápido já registrado em nosso sistema solar.
Statler ressaltou que todos os cometas têm particularidades e que suas reações a mudanças de calor solar são um pouco imprevisíveis. Por isso, mesmo que o 3I/Atlas apresente características distintas, isso não é algo incomum.
O cometa não chegará a menos de 270 milhões de quilômetros da Terra nos próximos meses devido às posições planetárias. No entanto, ele fará passagens próximas a Marte, Júpiter e Vênus.
Statler comentou que a descoberta de cometas interestelares é especial, pois nos oferece uma nova oportunidade de estudar a composição de outros sistemas solares. Até agora, apenas três cometas assim foram identificados.
Por sua vez, Loeb reconheceu em sua postagem que a hipótese mais simples é que o 3I/ATLAS seja, de fato, um cometa, e que ele levanta ideias alternativas como forma de desafiar conceitos arraigados. Ele desejou que continuássemos a nos surpreender e a buscar evidências, em vez de agir como se já tivéssemos todas as respostas.
