O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está confirmado para participar da 80ª Assembleia Geral da ONU, que acontecerá em Nova York no final de setembro. Ele possui visto válido, mas a composição da comitiva que o acompanhará ainda não está definida e poderá ser reduzida, dependendo da concessão de vistos pelos Estados Unidos.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro requereu um visto para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em 19 de agosto, pois o visto anterior dele já tinha expirado. Até o momento, não houve resposta do governo americano sobre o pedido de visto, o que deixa indefinida a presença de Padilha na assembleia. No entanto, mesmo que o visto seja concedido, há a possibilidade de que ele permaneça no Brasil devido a compromissos relacionados ao ministério.
Autoridades do governo brasileiro reconhecem que existem “algumas pendências” com a emissão de vistos, e podem ocorrer atrasos maiores do que o normal. Entretanto, afirmam que ainda há tempo para finalizar os trâmites. O diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, Marcelo Marotta Viegas, mencionou que alguns pedidos de visto ainda estão em processamento, mas não é possível prever o resultado.
A ONU também expressou preocupações em relação ao atraso na concessão de vistos para a delegação brasileira. Na última sexta-feira, o Brasil comunicou ao comitê responsável pelas relações com o Estado-sede da ONU a insatisfação com esses atrasos, que afetam autoridades que devem participar da assembleia marcada para o dia 23.
Esses atrasos ocorrem em um contexto onde o governo anterior dos Estados Unidos, sob Donald Trump, implementou medidas restritivas em relação ao Brasil, especialmente após a prisão e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre essas medidas, destaca-se a imposição de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. Também foram revogados os vistos de Alexandre de Moraes, ministro do STF, e de dois servidores públicos relacionados ao programa Mais Médicos de 2013.
Neste cenário, a composição final da comitiva presidencial e os compromissos na agenda do presidente ainda não estão totalmente definidos, segundo apurações. O governo brasileiro afirma que não é necessário fechar a lista de membros da comitiva neste momento. O visto do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já foi renovado, caso ele decida acompanhar Lula.
Embora seja presidente, Lula também precisa de visto para entrar nos Estados Unidos, mas sua situação está regular, conforme informado por um diplomata. Lula deverá embarcar para Nova York no próximo fim de semana e permanecerá na cidade até o dia 25. Na abertura da Assembleia Geral da ONU, marcada para o dia 23, ele fará um discurso, seguido pelo presidente dos Estados Unidos.
A agenda de Lula também incluirá eventos sobre democracia, mudanças climáticas e a criação do Estado palestino. Historicamente, o Brasil já teve autoridades que foram admitidas nos Estados Unidos para participar da Assembleia Geral da ONU, mesmo durante períodos de tensões políticas, como os irmãos Raul e Fidel Castro, que estiveram em Nova York durante a revolução cubana em 1960.
