Influencer preso na Argentina usou regulamento para golpe de R$ 146 milhões

A Polícia Federal prendeu o influenciador Gabriel Spalone neste fim de semana, acusado de liderar uma fraude de R$ 146 milhões contra um banco brasileiro. A prisão ocorreu no Aeroporto Internacional de Buenos Aires, na Argentina, após ele desembarcar de um voo vindo do Panamá. Spalone havia sido detido e liberado no Panamá no dia anterior, mas foi capturado em virtude de sua inclusão na difusão vermelha da Interpol, que alertou sobre sua situação.
As investigações da Polícia Civil indicam que Spalone utilizou empresas de fachada para operar serviços financeiros digitais, como câmbio e pagamentos, sem a autorização do Banco Central para realizar transferências via Pix. Ele era dono de duas empresas, a Dubai Cash e a Next Trading Dubai, e contava com aproximadamente 800 mil seguidores nas redes sociais até ser alvo da Operação Dubai.
Conforme a apuração, Spalone e outros envolvidos usaram dez contas bancárias de uma empresa parceira de uma instituição conectada ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) para movimentar R$ 146,6 milhões de forma ilícita. O chamado “pix indireto”, que permite que instituições menores realizem transações através de instituições maiores, foi usado indevidamente no esquema, segundo as investigações.
Em um exemplo do funcionamento do golpe, em fevereiro, mais de 600 transferências irregulares foram detectadas, resultando em um movimento de valores exorbitantes em apenas cinco horas. O banco em questão conseguiu recuperar mais de R$ 100 milhões dos valores desviados.
Outros suspeitos, como Guilherme Sateles Coelho e Jesse Mariano da Silva, também foram presos, suspeitos de se beneficiado com cerca de R$ 75 milhões do esquema fraudulento.
Após sua primeira detenção no Panamá, Spalone foi liberado porque não havia uma ordem de prisão internacional naquele momento. Contudo, sua situação mudou e sua prisão foi realizada em Buenos Aires, com o apoio da Polícia Civil de São Paulo e da Polícia Federal.
O advogado de Spalone, Eduardo Maurício, declarou que pretende contestar a prisão e trabalhar para reverter a situação do influenciador. Ele planeja providências legais tanto na Argentina quanto no Brasil, incluindo um pedido de exclusão de Spalone da lista da Interpol e um possível habeas corpus no Brasil.
Também existe a possibilidade de que Gabriel Spalone seja deportado ao Paraguai, onde teria iniciado sua fuga, antes de ser enviado de volta ao Brasil para enfrentar as acusações.