quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
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Hamas prejudica imagem de Hannah Einbinder, atriz de ‘Palestina livre’

Editorial Folha do Noroeste
Editorial Folha do Noroeste EM 16 DE SETEMBRO DE 2025, ÀS 12:24
Hamas prejudica imagem de Hannah Einbinder, atriz de ‘Palestina livre’
Hamas prejudica imagem de Hannah Einbinder, atriz de ‘Palestina livre’

No último domingo, 14 de outubro, a atriz Hannah Einbinder fez um discurso durante a cerimônia do Emmy que gerou polêmica e repercussão internacional. Ao receber o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Comédia, ela usou a frase “Free Palestine”, um lema associado a vários grupos ativistas que buscam a independência da Palestina. O uso dessa frase acabou atraindo a atenção do Hamas, o grupo considerado terrorista responsável pela recente escalada de violência em Israel, que começou em 7 de outubro de 2023.

Hannah, que é judia, afirmou que sua intenção era separar os judeus e a cultura judaica das políticas do Estado de Israel, que ela considera um projeto etnonacionalista. No entanto, inesperadamente, a sua imagem foi censurada. A agência de notícias palestina Quds News Network, que tem ligações com o Hamas, alterou o vídeo do seu discurso para ocultar partes do corpo de Einbinder, como os ombros e o decote, antes de compartilhá-lo em suas redes sociais.

Essa decisão gerou uma série de reações online. Críticos apontaram a incoerência por trás da censura, destacando que, enquanto o Quds News queria reproduzir o discurso da atriz, preferiu modificar sua aparência para atender a padrões do grupo. Simone Rodan-Benzaquen, da American Jewish Committee na Europa, também se manifestou sobre a situação.

O Quds News se apresenta como uma rede independente, mas frequentemente é acusada de ter vínculos com o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina, outro grupo que atua na região. Desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza em 2007, enfrenta várias críticas internacionais, especialmente da ONU, relacionadas às restrições impostas aos direitos das mulheres. Um ponto de controvérsia é a imposição de um “Código de Modéstia”, que, embora negado oficialmente, é amplamente indicado como uma exigência de vestimentas longas e lenços em público.

A fala de Einbinder também gerou descontentamento entre alguns membros da comunidade judaica, que a acusaram de promover mensagens anti-Israel durante um evento de grande visibilidade. O escritor israelense Hen Mazzig expressou que celebridades que fazem do conflito um “modismo” estão contribuindo para a violência contra instituições judaicas. Ele apontou que a verdadeira coragem seria pedir pela libertação de reféns mantidos em Gaza e exigir o fim da guerra.

Yuval David, outro ator judeu e vencedor do Emmy, considerou as declarações de Einbinder como uma “performance de ignorância”, afirmando que ela não abordou questões como a paz ou o sofrimento dos reféns em Gaza. Ihab Hassan, um cristão palestino que busca a paz entre Israel e Gaza, também criticou a censura do Quds News, considerando-a uma grande ironia.

No discurso que causou toda a controvérsia, Einbinder afirmou: “F–k ICE e Free Palestine”, destacando sua visão de que o Estado de Israel é um projeto que difere das tradições judaicas. Ela mencionou ter laços pessoais com a situação em Gaza, já que amigos seus atuam como médicos na região. Além do Emmy, a atriz se juntou ao movimento Film Workers for Palestine, no qual se compromete a não trabalhar com instituições cinematográficas israelenses. Esse movimento é comparado ao boicote cultural do apartheid sul-africano e já conta com o apoio de outros nomes famosos, como Joaquin Phoenix, Emma Stone, Peter Sarsgaard e Elliot Page.

Editorial Folha do Noroeste
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