As eleições para a Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau, antiga colônia portuguesa, ocorreram recentemente. Este foi o primeiro pleito sob novas regras que restringem a eleição direta de representantes e limitam a participação a candidatos considerados leais ao governo chinês.
Dentre os 33 membros da assembleia, 14 são eleitos diretamente, 12 são escolhidos indiretamente por categorias funcionais e 7 são nomeados pelo Chefe do Executivo, Sam Hou-fai, em um prazo de 15 dias após as eleições. Em julho, 12 candidatos foram excluídos por supostas violações da constituição local e por não ter “jurado lealdade” à região. Na mesma época, um ex-legislador, Au Kam-san, foi preso acusado de “colaboração com forças externas”, sendo o primeiro político de Macau a ser processado sob a nova lei de segurança nacional.
Segundo o governo local, mais de 175 mil pessoas votaram, indicando uma taxa de comparecimento de 53% entre os mais de 328 mil eleitores registrados. Essa participação, embora considerada alta em termos absolutos, é a terceira mais baixa desde a transferência de soberania em 1999, especialmente considerando o aumento populacional significativo da região. Em 1999, Macau tinha menos de 430 mil habitantes; atualmente, conta com quase 700 mil.
Para incentivar a votação, as autoridades disponibilizaram transporte gratuito por trens e ônibus. Também foram usados shuttles de cassinos para levar trabalhadores aos locais de votação. No entanto, mesmo com essas iniciativas, muitos cidadãos expressaram desconforto com o sistema democrático, que passaram a considerar limitado. Cerca de 13 mil cédulas, aproximadamente 7,5% do total, foram anuladas ou entregues em branco, refletindo a insatisfação de boa parte da população em relação ao processo eleitoral.
