Cientistas pedem mais poder de decisão na COP30

Pará – Na próxima conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em Belém de 10 a 21 de novembro, representantes da sociedade civil e do governo pediram uma maior valorização do conhecimento científico. Em um encontro realizado na sede da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no Rio de Janeiro, diversas entidades, como a Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, se reuniram com órgãos governamentais, incluindo o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
O objetivo da reunião foi discutir como a ciência poderia ser melhor representada na conferência. Especialistas e líderes enfatizaram a importância de integrar o conhecimento científico nas decisões sobre mudanças climáticas. A presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, comentou sobre a expectativa de que a COP30 traga um tratamento diferente do visto na Rio+20, em 2012, quando a ciência não teve espaço no documento final. “Precisamos que a sociedade civil e o governo se unam para fortalecer a ciência na agenda climática do Brasil”, destacou Nader.
A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Francilene Garcia, também chamou a atenção para a necessidade de que a ciência brasileira reflita sua própria identidade. Segundo ela, o Brasil tem potencial científico que deve ser fortalecido e integrado nas discussões sobre clima.
A ministra do MCTI, Luciana Santos, enviou uma mensagem ressaltando que o momento exige ações urgentes em relação às mudanças climáticas e reforçou o compromisso do governo em apoiar pesquisas que promovam a resiliência climática. Ela destacou que a ciência está no cerne da soberania do Brasil e deve ser uma voz ativa em fóruns internacionais.
Carlos Nobre, pesquisador da Universidade de São Paulo, alertou para a gravidade da situação climática. Ele mencionou que o planeta está se aproximando de um “ponto de não retorno” devido ao aquecimento global, citando o desmatamento da Amazônia como um dos principais fatores que contribuem para o aumento do gás carbônico na atmosfera.
Luiz Antonio Elias, presidente da Finep, defendeu a liderança do Brasil nas discussões sobre aquecimento global e pediu coragem na formulação de políticas climáticas. Ele destacou que o aumento da temperatura média global, já com 1,1°C desde a era pré-industrial, tem consequências diretas para a segurança alimentar, saúde pública e economia do país. Elias reforçou que não há como avançar em políticas climáticas eficazes sem uma base científica sólida e investimentos em pesquisa.
Ainda dentro desse contexto, Ricardo Galvão, presidente do CNPq, enfatizou a importância de consultar os institutos de pesquisa na elaboração de políticas. Ele afirmou que é essencial que o conhecimento produzido nas unidades de pesquisa influencie diretamente as decisões do governo. Segundo Galvão, é necessário também tornar os estudos sobre mudanças climáticas mais acessíveis ao público em geral.
Denise Carvalho, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ressaltou a importância de integrar a agenda climática à educação. Para ela, é fundamental que o tema faça parte da formação docente, permitindo que professores e alunos discutam questões ambientais de forma mais consciente.
Com a COP30 se aproximando, as conversas sobre ciência e clima estão se intensificando, refletindo a urgência de ações concretas para enfrentar as mudanças climáticas e suas consequências.