Bolsonaro pode solicitar prisão domiciliar se condenado

O ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, está se preparando para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que permita que ele cumpra prisão domiciliar caso seja condenado no julgamento sobre a trama golpista, que deve ser concluído nesta semana. Os crimes atribuídos a ele podem resultar em penas que, somadas, chegam a mais de 40 anos.
Pessoas próximas a Bolsonaro informaram que ele pretende abrir mão de recorrer da condenação. Caso não consiga reverter o julgamento, a defesa solicitará a prisão domiciliar com base em alegações de saúde. Desde agosto, Bolsonaro já está em prisão domiciliar por descumprir medidas cautelares decididas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O julgamento está previsto para terminar nesta sexta-feira. No entanto, se houver uma condenação, a prisão efetiva deve acontecer apenas em novembro, segundo a avaliação de seus aliados. A defesa poderá argumentar pela continuidade da prisão domiciliar com base em laudos médicos já existentes ou até solicitar laudos novos.
As principais incertezas giram em torno do tempo da pena e de onde Bolsonaro deverá cumpri-la, seja em casa, em uma cela da Polícia Federal ou no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília. Um interlocutor próximo sugere que o STF provavelmente evitará enviar Bolsonaro para um local fora de casa, por questões de segurança, que podem impactar a política.
Aliados têm comentado sobre o estado emocional do ex-presidente, que aparenta estar abalado, embora não seja classificado como depressivo. Nas últimas semanas, Bolsonaro não compareceu ao tribunal para assistir ao seu julgamento. Seus advogados alegaram que ele não estava bem de saúde para suportar as longas sessões devido a crises de soluço e vômitos.
Recentemente, a defesa solicitou autorização ao ministro Moraes para um procedimento cirúrgico na pele. Essa cirurgia, marcada para o próximo domingo, busca investigar manchas que surgiram no corpo de Bolsonaro, possíveis indícios de câncer de pele. Em 2019, o ex-presidente passou por um procedimento semelhante, cujo resultado foi negativo.
Aliados e familiares têm feito declarações sobre a saúde do ex-presidente. O senador Ciro Nogueira, do PP-PI, destacou que Bolsonaro tem enfrentado crises contínuas e que, se o STF decidir pela prisão, isso poderia agravar ainda mais sua condição. Ele fez comparações entre o atual estado de saúde de Bolsonaro e o que ele enfrentou durante sua presidência, mencionando a perda nas eleições de 2022 e a depressão que se seguiu.
Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro e filho do ex-presidente, também comentou sobre a situação, afirmando que seu pai está emagrecendo e se sentindo muito mal. Desde que Jair Bolsonaro está preso, ele tem recebido visitas de familiares sem a necessidade de autorização judicial. Os relatos das visitas indicam que o ex-presidente está desanimado e fragilizado, embora alguns tentem ressaltar momentos positivos, como a senadora Damares Alves, que o descreveu como sereno, apesar das crises de soluço.
O presidente do PL, partido de Bolsonaro, observou que o ex-presidente está mais abatido e que seu estado emocional reflete a situação de estar preso. Em entrevista anterior, Bolsonaro expressou sua preocupação de que uma condenação significaria o fim da sua vida pública.